Uma garotinha vagava pelas ruas de uma grande cidade, caminhando sem rumo, como um barco à deriva num mar incerto. Sem um passado que lhe servisse de ancoradouro, nem um futuro que lhe acenasse com esperança, ela caminhava, envolta em um manto de solidão e desamparo, ansiando por um simples olhar que lhe confirmasse sua existência, que lhe revelasse sua essência. * Foto: Marcos Santos/USP Imagens Contudo, era como se ela fosse uma sombra, uma nota dissonante na sinfonia apressada da metrópole, invisível para as pessoas que passavam, imersas em seus próprios mundos, caminhado para o futuro ou visitando o passado, sem pés no presente. Alheios à angústia silenciosa que ecoava nos suspiros daquela garotinha solitária. Em meio à multidão, ela se encontrava só, isolada em sua própria névoa de invisibilidade. Para proteger-se das gélidas correntes deste mundo indiferente, encarcerou-se num casulo, sufocando qualquer vestígio do seu anseio por ser vista e amada, e com isso, seu amor-próprio. R
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