O Monge e o Escorpião!

"Um monge e seus discípulos caminhavam por uma estrada e, ao passarem por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas.

O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o escorpião na mão. Quando o trazia para fora, o escorpião o picou e, devido a dor, o monge deixou-o cair novamente no rio.

Foi então à margem tomou um ramo de árvore, e foi outra vez até até o rio, colheu o escorpião e o salvou.

Quando o monge retornou junto aos seus discípulos na estrada, que haviam assistido à cena toda, eles o receberam perplexos, dizendo:

“Mestre deve estar doendo muito! Porque foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o salvara! Não merecia sua compaixão!”

O monge ouviu tranquilamente os comentários e respondeu:"Ele agiu conforme sua natureza e eu de acordo com a minha."

Lendo esse conhecido conto oriental, fiquei pensando sobre quantas vezes abrimos mão daquilo que somos, do que sentimos e do que acreditamos, em função de alguém ou de alguma situação que vivemos.

As vezes ferimos o outro, porque nos sentimos feridos, ou deixamos de expressar sentimentos e emoções, por nos sentirmos ameaçados. Há momentos em que deixamos de fazer coisas que realmente acreditamos, porque ninguém mais acredita ou apoia, ou porque simplesmente ninguém mais faz, nem dá valor.

Fiquei triste ao imaginar quanto amor, talento e sabedoria deixamos de receber e doar para mundo e para os que estão à nossa volta. Quanto deixamos de ser quem realmente somos, ou de agir conforme nossa natureza e nossos valores em função de tudo isso, dos papéis que achamos que temos que cumprir, das expectativas que cremos estar a nossa volta, mas que estão principalmente dentro de nós.

Por que ainda damos mais atenção para o que está fora, se não existe de fato nada fora de nós?

Nos embotamos em nossa natureza e criamos uma máscara para “sobreviver” ao mundo e à cultura que vivemos, mas ao fazer isso continuamos a mantê-la e alimentá-la. Será que é realmente isso que queremos para nós e para nosso mundo?

Um grande abraço caloroso para o frio que nos presenteia São Paulo, nessa semana!

Comentários

mafeteco disse…
Querida!
Hoje refletia sobre "como cooperar com quem compete" e seu post veio colocar um bom tempero no caldo das minhas reflexões.
Tudo a ver agir de acordo com nossa natureza, e aí me pergunto: Qual o papel do meio nesse processo?

Bjs,
F
Narjara disse…
Oi Fê!!! Muito bacana sua reflexão, fiquei refletindo sobre ela... e o que me ocorre é que as vezes nos manter de acordo com nossos valores, com nossa natureza, tem um 'preço' que nem sempre é fácil bancar, inclusive pelas pressões que o meio e as expectativas à nossa volta exercem... O meio, principalmente durante nossa formação, tem um papel fundamental na construção de nossos valores e ele certamente contribui muito para nossas escolhas, que muitas vezes são em função do olhar e do desejo do outro, muito mais do que pelo nosso... Então, cheguei a uma conclusão: muitas vezes seguir nosso próprio caminho ou manternos da acordo com ele, nos faz lidar com a frustração e com o desapego de ser aceito ou suprir as expectativas do meio. :) bom... isso foram as reflexões desencadeadas em mim pela sua reflexão... e ainda me fica a pergunta: Até que ponto conseguimos diferenciar o que é do meio e o que é nosso?? super beijo, Na

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