O que carregamos em nossos corações?


Conta uma lenda popular do Oriente que um jovem chegou a beira de um oásis junto a um povoado e aproximou-se de um senhor e perguntou-lhe: "Que tipo de pessoa vive neste lugar?"

"Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem?", perguntou por sua vez o ancião. "Oh, um grupo de egoístas e malvados.", replicou o rapaz. "Estou satisfeito de haver saído de lá."

A isso, replicou o senhor: "A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui."

No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o ancião, perguntou-lhe: "Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem?" O rapaz respondeu: "um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las." "O mesmo encontrará por aqui.", respondeu o ancião.

Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho: "Como é possível dar respostas tão diferentes a mesma pergunta?

Ao que o velho respondeu: "Aquele que nada encontrou de bom nos lugares onde passou, não encontrará outra coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui. Cada um carrega no seu coração o meio em que vive."

Ler esse texto, me fez refletir sobre o que carregamos verdadeiramente em nossos corações... Pensando que nossos corações são as portas da nossa alma e é através dele que percebemos e interagimos com o mundo, daquilo que ele estiver preenchido, será a lente através da qual constituiremos a realidade em que vivemos. E ainda pergunto, será que nos damos conta daquilo que carregamos em nossos corações? Será que olhamos para ele para perceber o que nele está presente?

Durante nossas vidas, passamos por momentos bons, não tão bons, por amor, pela dor, aprendemos, choramos, sorrimos, sonhamos, construimos, destruimos... amamos, odiamos, adoecemos, nos cuidamos... enfim, passamos por toda riqueza da experiência que ser humano nos proporciona. O que fica desses momentos em nossos corações será o que carregaremos conosco, aquilo que queremos conservar e que ficará guardado em nossas almas e em nossos corações, e isso se manifestará em nossos corpos e nas realidades e interações que construimos.

A pergunta que fica então, é o que estamos conservando das experiências que vivemos??? Com que pensamentos e emoções queremos preencher esse espaço do nosso coração e da nossa alma??? E a partir dessa reflexão e de escolhas conscientes daquilo que queremos conservar, tudo a nossa volta muda em torno daquilo que conservamos.

Como disse Siddharta Gautama: "Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo." E Jesus: "[...] Pois a boca fala do que está cheio o coração." Mateus 12

Nascemos seres amorosos, na confiança do universo e do meio que nos cuidará e com esse meio, dançamos e nos moldamos, nas coerências desse baile. E muitas vezes tantas coisas vão acontecendo em nossas vidas, que vamos guardando esse ser que somos tão la no fundo de nós mesmos, que até esquecemos que ele existe e que ele é quem realmente somos em nossa essência. Vamos colocando várias máscaras, padrões, pré-conceitos... e várias outras camadas para nos proteger... De tanta proteção, acabamos por abafar nossa essência... e aí sim, sentimos muito mais dor... ficamos doentes, infelizes e tristes muitas vezes... mas quando nos redescobrimos e nos alimentamos, voltamos a harmonia e a amorosidade da qual somos feitos, recuperando o amor e o respeito por nós mesmos e aí sim, poderemos amar e enxergar de fato a um outro ser.

O que carregais em vossos corações???? O que quereis conservar em vossas vidas???

Namastê!

Narjara

Comentários

Adriano disse…
Diante da madrugada lá fora, que me preenche com o silêncio, poderia agora falar de tudo o que me faz bem. A boa sensação que estou sentindo, esse laptop no meu colo, o Bóris aos meus pés, o Bernardo dormindo em baixo de um balão, esse blog de alguém que eu amo e respeito, o Lenine na Tv, tudo parece em comunhão. Tenho a impressão de que alguém lá em cima gosta mesmo de mim. Até o cheiro da madrugada, que acho que só eu sinto, me faz sentir tocado pelo dedo de Deus...
Se esse momento pudesse ser gravado e assistido por alguém, certamente causaria a impressão de que tudo corre bem. De que não há problemas, de que não há crise, náo há rotina e que a madrugada vai durar pra sempre com seu silêncio.
O mais irônico é que o que é ruim é tão presente e real do que as sensações que me faz bem. A falta disso ou daquilo e a noção de que o mal existe são sensações que valorizam os momentos efêmeros de felicidade. O grande mal, na minha opinião, faz veler o bem. A escuridão transforma a luz no que ela é e a necessidade de transformar a próxima cidade em um lugar bom para se viver é o que me faz valer quem eu sou. O mundo é o lugar maravilhoso das pessoas maravilhosas, e o inferno de quem não tem fé.
Na, acredito demais nessa parábola do sábio na estrada e faço uso dela sempre que encontro um chato depressivo ou um otimista pelo meu caminho, e aprendo que que a vida é um saco e se arrasta pros preguiços, da mesma forma que é agitada, plena e rápida pros otimistas e animados.
Diante da madrugada lá fora, não me sinto no direito de reclamar, de não ter fé. Se tudo isso que me faz bem parece ter sido arquitetado para que ocorresse ao mesmo tempo, somando um instante onde me sinto agraciado por Deus, quem eu sou para duvidar que ele exista? Eu devo acreditar nas pessoas? O mundo merece ser salvo? Vale a pena punir quem maltrata um ser inociente? Vale a pena acordar e trabalhar? Pra tudo isso eu respondo sim.
Acho que cada um devia encontrar o seu motivo, o cerne de sua felicidade, acreditar em si e na sua capacidade de modificar o ambiente. Eu descobir isso através da madrugada.
Adri
Unknown disse…
Olá, adorei o texto, principalmente quando cita o Budha, pois já fui budista, levo vários principios comigo...
Abraço!
Unknown disse…
gostei do comentário de Buda e de Jeus..e te mando um comentário de Abgail noiva de Paulo de Tarso... já desencarnada.. num momento de grande dificuldade na vida dele ..ela disse por via mediúnica .."Ama, espera, trabalha e perdoa"..
Bjs Dizo...
Anônimo disse…
Penso que nosso coração é a melhor representação de Deus. Sentimos sua presença, mas não o vemos. Sentimos a sua força e o seu poder, mas não o tocamos. Sabemos que é sábio, que não tem dúvidas mas lembramos disso em momentos difíceis. Ouvimos a sua voz mesmo sem ver sua boca quando nenhuma outra palavra nos consola.
Acredito que todos saibamos o que há em nosso coração mas não é uma consciência “óbvia”. O nosso maior desafio nessa vida talvez seja realmente conhecê-lo. É trazer a tona, ao nosso dia-a-dia o que há de melhor em nossos corações.
É sermos capazes de ouvi-lo e segui-lo mesmo quando o mundo nos diz coisa diferente. É nos mantermos atentos a sua voz, as suas vontades, ao seu olhar ... Mesmo diante daqueles que apresentem um coração enfraquecido, contaminado com as dúvidas, as inseguranças e a ignorância que há no mundo ao nosso redor.
O mundo não é um lugar ruim ou feio mas apresenta diferentes caminhos daqueles mapeados em nossos corações, o nosso verdadeiro caminho. Se não perdemos a trilha indicada pelo nosso coração teremos o prazer de gozar o que há de belo no mundo, nas pessoas. Poderemos aprender com as diversas situações que nos sejam apresentadas.
Se acreditarmos plenamente que nossos corações são a representação de Deus, que se trata do nosso Deus interior pulsando vida em nós e que devemos manter conectados e em equilíbrio nossa cabeça, nosso corpo e o nosso coração, não restará dúvidas do que guardar, conservar e carregar em nossos corações.

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