A Teia da Vida!

Um jovem menino, criado numa pequena cidade nas montanhas, onde a natureza e o ser humano co-existem ainda em harmonia e respeito, que jamais saiu de lá, nem tampouco entrou em contato com outras realidades, assiste a um documentário, mostrado na escola, sobre a sociedade humana atual e fica bastante assustado e confuso com o que vê, pois tudo estava muito distante da realidade que conhecia, tendo sido intencionalmente “protegido” por seus pais do mundo “lá fora”.

De volta em casa, ele pergunta à sua mãe: “Querida Mamãe, porque as pessoas são agressivas e violentas umas com as outras e com o meio em que vivem? Por que sentem tanto medo e tristeza? Por que cada dia adoecem mais e desistem de viver?”
A mãe bastante confusa e sem saber direito o que fazer, respira fundo e decide-lhe contar a verdade, dando-se conta de que a melhor maneira de “proteger” o filho do “mundo lá fora”, como dizia, é orientando-o sobre a vida, sobre nossas ações e as consequências dessas, ensinando-lhe a refletir e questionar o que vê, mostrando-lhe os caminhos e as escolhas que pode fazer, ampliando sua visão e sua consciência para que compreenda o mundo de uma maneira diferente, enxergando e escutando além do que vê, e, acima de tudo, tratando-lhe com amor, confiança e respeito, para que assim ele possa tratar a si mesmo e ao mundo à sua volta, refletindo e fazendo suas escolhas com autonomia, consciência e responsabilidade, conforme seus valores, independentemente de onde esteja e do que veja.

Após essa reflexão profunda, que tomou no máximo um minuto do tempo... o menino já estava ansioso por uma resposta, então a mãe pegou o garoto, de apenas seis anos no colo, beijou-lhe a face com muito amor e um pouco de tristeza, como se estivesse se despedindo da inocência que ali habitava, colocou o garoto de volta no chão e começou a falar: “Amado filho, venha comigo... vamos caminhar por entre as montanhas e eu lhe explicarei tudo.” E assim, tomou o garoto pelas mãos e começaram a caminhar.

“Você sente a terra em que pisamos agora?” “Sim!” responde o menino. “A terra é um dos elementos que compõe nosso planeta, ela fornece a estrutura e o alimento para a vida, nela as sementes germinam, e dela tiramos nosso alimento e a matéria para construir nossa moradia e nos abrigar no planeta. Dela são compostos os continentes onde habitamos, o reino mineral, entre outras coisas.” Disse a mãe.

Nesse momento, eles chegam a beira de um lindo rio, com uma pequena cachoeira, onde costumam banhar-se no verão. Sentando-se à beira do rio com o garoto, colocando os pés nus na água: “Sente o movimento da água fluindo entre nossos pés?”perguntou ela, respondendo o garoto com um gesto afirmativo. Continua a mãe “pois a água é outro dos elementos que compõe nosso planeta, ela é fluida e não tem forma. Ela fornece o alimento para a vida no planeta, que aliás é formado em 90% por esse elemento. Ela está sempre em movimento, contornando a tudo o que passa e se adaptando em qualquer lugar e a qualquer forma. Nela a vida começou e dela se alimenta a terra, tornando-se fértil e gerando alimento para a vida, o reino vegetal.”

Eles param para um pequeno piquenique à beira do lago, antes de continuar sua caminhada, e surge um lindo sol, antes escondido por trás das nuvens... o menino abre um sorriso lindo e diz: “Mamãe, o sol... podemos nadar?” A mãe responde: “Podemos sim, mas antes, terminaremos nossa caminhada, ok?” O garoto concorda com a cabeça, curioso para o resto da história e para entender aquelas perguntas que o inquietavam.
Nesse momento, a mãe pergunta-lhe: “O que você sente quando sai o sol, meu filho?” E ele de pronto responde: “Calor!” “Pois é, o sol, é um dos maiores representantes do outro elemento que compõe nosso planeta; o Fogo!” responde a mãe. “O Fogo, mamãe???” pergunta o menino sem entender. “Mas ele não destrói as coisas?”questiona ele.

“Meu filho, tudo tem os dois lados, ao mesmo tempo que ele pode destruir algo, ele possibilita, junto com os outros elementos, a vida na terra. Ele nos aquece, pois, sem o seu calor, a vida não seria possível, do jeito como é, pois viveríamos em um planeta congelado. Ele fornece a energia para a vida e a produção do oxigênio necessário para a nossa sobrevivência, possibilitando assim, o avanço da vida e a evolução para o reino animal. Ele representa o instinto, os desejos, àquilo que aquece e dá vida às nossas almas e claro, quando não controlado, pode ser bastante destrutivo.”

“Continuamos nossa caminhada mais um pouco?” pergunta a mãe. “Claro!” responde o garoto, feliz. Assim, seguem eles caminhando por entre as montanhas, até chegar ao topo de uma delas. Lá em cima, ventava bastante, se podia ver toda a beleza e harmonia do vale em que viviam. “Aqui terminaremos a primeira parte de nossa conversa hoje.” informa a mãe. Sentados no cume da montanha, a mãe pede para que o garoto feche os olhos e diga o que sente. Ele o faz e responde: “Sinto-me bem, parece que vou voar... me sinto leve, solto... como se tudo me escapasse e só sobrasse esse momento.”

“O Ar é um outro elemento do qual é composto o planeta em que vivemos... ele é composto dos gases que possibilitam a vida e protegem o planeta. É através dele que todos os seres introjetam a energia do cosmos e a transformam em energia para a vida. Quando nascemos, nossa primeira respiração é o momento em que somos considerados vivos, o sopro da vida. Ele é leve e invisível, mas está por toda parte, carregando as sementes da vida. É através dele que expressamos nossos pensamentos e nos comunicamos. Ele representa o reino humano, com seus pensamentos e com a linguagem, que nos diferencia dos animais.

Continua a mãe: “Já o quinto e último elemento, também não podemos ver e tão pouco sentir, como sentimos os outros. Ele está em toda a parte e preenche todos os espaços vazios... através dele, é possível a troca de energias que possibilitam com que nos liguemos às pessoas, assistamos TV, ouçamos rádio, etc. Ele carrega o som, a luz, a energia... ele envolve e dá forma aos corpos e à matéria. É uma energia sutil, que está presente em tudo e que possibilita a conexão dos nossos corpos com nossa alma. Esse elemento representa os seres que não podemos ver, mas que estão próximos a nós e que dão forma à matéria. Os anjos e os elementais, por exemplo.

“Assim completamos os cinco elementos que formam nosso planeta,” finaliza a mãe. “Mas, mamãe, não são esses elementos que formam nosso corpo também?”pergunta o menino intrigado. “Sim querido! Assim fechamos nossa conversa com o que eu ia lhe dizer...” continua ela acrescentando: “Vamos comigo até o outro lado das montanhas...” Ao que interrompe o menino: “Mas mamãe, você me disse que lá era um lugar onde não se deveria ir. Um lugar proibido!” “Eu disse sim, meu filho, porque ainda não era hora de conhecer esse lugar, mas agora, você já está pronto.” responde a mãe, conduzindo o garoto para o outro lado, dizendo-lhe:

“Somos feitos do que o mundo é feito. Tudo o que está fora de nós, também está dentro, mas a maior parte das pessoas não consegue ver isso, porque não se fala sobre isso nas escolas e muitas pessoas só acreditam naquilo que a razão pode alcançar. Porém, a razão é um pedacinho muito pequeno de nós e é limitada pelos nossos sentidos, por isso, nossa consciência, só pela razão é muito restrita, e, com isso, as pessoas que só se valem dela acabam por destruir e explorar o que está fora delas, ou seja, a natureza, para usufruir em benefício próprio, achando que isso não fará nenhum mal a elas. Sem a consciência de que destruindo o que está “fora”, destroem o que está dentro também, a si mesmos e às futuras gerações que aqui habitarão.

Meu querido filho, não existe dentro e fora, é tudo uma coisa só... todas as pessoas, os bichinhos, as plantas, o minerais, formados pelos cinco elementos, estão todos interligados, formando uma rede, como se fosse uma teia de aranha, onde todos os fios nos conectam a tudo o que existe. Então, tudo o que acontece em qualquer parte da rede, impacta em todas as outras partes. Pode ser, que não consigamos perceber isso imediatamente, pois as vezes acontecem coisas em partes da teia que estão distantes de nós, mas com o tempo esses acontecimentos vão se propagando pela rede e os pequenos efeitos que sentíamos passam a ser muito maiores, capazes até de extinguir a vida.” Conclui a mãe.

Nesse momento, quase chegando ao outro lado, o menino pára e pergunta: “Mas mãe, como é que as coisas que estão fora, estão dentro? Temos passarinhos dentro de nós???”

A mãe que tinha um semblante triste, nesse momento abre um sorriso e continua a explicar: “Lembra-se dos elementos que te disse que formam nosso planeta?” “Lembro sim.”, responde o menino. “Terra, água, fogo, ar e éter.” A mãe, carinhosamente, pára na frente do menino, pega suas mãos e explica-lhe: “Cada um dos reinos que existe hoje em nosso planeta, foi se desenvolvendo até que fosse possível a vida humana. Então, cada um deles, está dentro de nós também, assim como estaremos contido no próximo reino, que se formará a partir da evolução do nosso. Por exemplo, o reino mineral, ligado ao elemento terra, é responsável pelo desenvolvimento e manutenção da nossa física, e também está ligado aos sentidos (como percebemos o mundo, e as nossas realizações (aquilo que concretizamos). Já o reino vegetal, que incorpora o mineral, é regido pelo elemento água e produz os nutrientes e o oxigênio que precisamos para formar nossas células e gerar a vida. Ele representa a vitalidade, levando o alimento para todo nosso corpo, recolhendo impurezas para serem eliminadas, através da corrente sangüínea e do sistema linfático. Nosso corpo, assim como o planeta, também é formado por 90% de água. Esse reino e elemento regem nossas emoções e nossos sentimentos.
Surge então o reino animal, que tem os outros dois dentro de si, e é regido pelo elemento fogo, ou seja, a energia vital que existe dentro de nós, que aquece nosso corpo. Ele rege os nossos desejos, instintos e a intuição e criatividade humanas. Contribui na formação do organismo, mas principalmente representa nosso lado instintivo.

Logo, podemos perceber que dentro de nós estão todos os reinos anteriores. Somos regidos pelo elemento ar, que representa o pensamento e a comunicação, porém todos somos formados por todos os cinco elementos da natureza, incluindo o éter, que regerá o próximo reino, que surgir a partir da nossa evolução. Esse elemento representa nossa consciência e é aquele que dá forma a toda a matéria; é do que nossa alma e nossa consciência são formadas.” finaliza a mãe.

O garoto faz um gesto de que compreendeu o que ela quisera dizer, e ambos seguiram rumo ao outro lado da montanha, onde avistaram uma cidade grande, com uma grande área desmatada, um rio que cheirava mal, bastante poluído pela indústria instalada ali que explorava minérios ao pé da montanha, e uma grande fazenda de abate de gado, que alimentava a cidade.

Quando o menino viu a cena, surpreso, sua primeira reação foi chorar, e sem entender direito, pergunta a mãe com uma certa indignação: “Mas porque fazem isso? Porque destroem seu próprio hábitat?”

A mãe responde: “Meu filho, lembra quando te falei sobre a consciência dos seres humanos?” O menino faz um sinal de que se lembra e as lágrimas continuam a escorrer por seus olhos. “Pois então,” continua a mãe, “eles enxergam somente aquilo que sua consciência alcança ver e sentir no momento atual, não conseguem perceber que existe uma lei que rege e mantém a harmonia do planeta, e que tudo o que fazemos gera conseqüências em toda a teia, como te explicava.” “Eles só são capazes de enxergar as suas necessidades imediatas e se ocupar com seu conforto e com seus desejos atuais.” “Assim, não se dão conta de que, quando desmatam as florestas, estão esgotando sua própria fonte de vida, além de estarem desequilibrando esse reino dentro de si mesmos, porque quando matamos os outros reinos, que nos compõem, o desequilibramos dentro de nós mesmos, pois vivemos em uma teia, e nossas atitudes, sentimentos, instintos e pensamentos influem diretamente em toda a teia. Como podemos claramente perceber, os sentimentos, emoções, pensamentos e ações dos seres humanos estão desequilibrados, assim como esses reinos o estão no planeta.” “Assim, toda a teia está desequilibrada.” “Ainda estão cegos para o que está “fora deles”, porque mal conseguem enxergar o que está “dentro”. Assim, muito menos podem perceber que tudo o que existe é uma coisa só.”
Continua a mãe: “Então, meu querido menino, as pessoas são agressivas e violentas umas com as outras e com o meio em que vivem, sentem medo e tristeza e adoecem, pois todo nosso planeta, assim como os seres humanos, estão em desarmonia, e cada vez mais perceberão mais intensamente as conseqüências, geradas por essa, dentro de si.”

Agora, com a consciência que tem, meu filho, segue seu caminho mais responsável por suas ações e conseqüências, e a medida que puder, segue sendo um agente transformador do meio em que vive, para que você mesmo e as futuras gerações possam viver melhor em um mundo mais harmônico.

Fica para nós a reflexão sobre os desafios do presente que construirão o nosso futuro.

Namastê,

Narjara Thamiz

Comentários

K i k o disse…
Ao ler a teia da vida pude viajar por instantes e sutilmente senti em todos os níveis sua escrita e afirmo que o desenvolver do texto foi mágico e majestoso.
Não tenho palavras para descrever as sensações que obtive ao ler o texto em questão, pois foram várias as sensações, porém ao mesmo tempo que viajei em uma tristeza muito grande ao perceber o quanto o ser humano é "mediocre", senti uma alegria imensa ao ver a luminosidade e grandiosidade da MÃE ao ensinar o filho sobre a vida e o respeito.
Quando nós humanos começarmos a entender que somos uma raça que temos um verbo que nos dá um sentido de "movimento" (SER / ESTAR) entenderemos que nós somos "SERES HUMANOS" e que devemos buscar sempre o desenvolvimento mutuo em todos os sentidos e lados,ou seja, dentro para fora e de fora para dentro, como bem mencionado em seu texto.

Que o Grande Arquiteto continue a jorrar bençãos sobre você e que sua jornada seja repleta de muita luz e amor em todos os níveis e que possa continuar a nos agraciar com textos como esse que nos faz refletir e buscar o melhor de nós em nós.
Bjs na alma
Namastê
É uma viagem tocante...
Enquanto o ser humano, não descobre, que tem uma função (missão), familiar, social, espiritual e vivencial, fica dificil... rsss... É paradoxisal a coisa, mas é a nossa busca incessante em quanto seres humanos...

Belo texto...

Vejo que hoje em dia se confunde muito, gostar, amar... é sinonimo de passar a mão na cabeça, mimar e etc. Quando na verdade, eu aprendi que quem ama educa, diz a verdade.

Gosto da forma como escreve... sucesso...

Se quiser visitar o meu blog, esteja a vontade, segue abaixo:

http://nativacao.blogspot.com

Abraço!

Emerson Natividade

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