sábado, 10 de outubro de 2009

Quanto Vale um Presente?

Era uma manhã de natal, Romulo acordou e já foi correndo até a árvore para ver o que o Papai Noel havia lhe trazido... ao ver um monte de presentes, deu pulos e gritos de alegria para acordar a casa toda, afinal, já era natal. Começou a abrir seus presentes, um a um, mas a única coisa que tinha na cabeça era um jogo de mímica, que queria muito. Ele já estava com 8 anos, e todos os seus amigos na escola já tinham esse jogo... ele abria um presente após o outro, mas nenhum deles foi o jogo.

Ele mal viu direito o que tinha ganhado, pois ficou tão decepcionado que o Papai Noel não tinha atendido seu desejo, que caiu numa tristeza sem fim... seus pais tentavam entender sua tristeza para consolá-lo, mas foi em vão, pois Romulo não queria falar o que estava acontecendo.

Ele pediu aos pais para sair um pouco e num pé se foi... Enquanto andava pelas ruas, imerso em sua tristeza, começou a observar tudo o que tinha a sua volta... poucas eram as pessoas na rua... e das poucas, ele via algumas famílias felizes, crianças brincando com seus novos brinquedos... mas um cena lhe chamou atenção. Viu um menino no canto da rua, sentado, sozinho e com a cabeça baixa... ele parecia tão triste quanto Romulo... assim ele se dirigiu em sua direção.

“Olá! Tudo bem com você?” disse Romulo. O menino levantou a cabeça surpreso e tinha lágrimas nos olhos... “O que aconteceu? Porque está tão triste? Não ganhou o presente que pediu??”perguntou o ele ao garoto, sentando-se ao seu lado. “Tá tudo bem.” disse o menino. “Não tem a ver com presentes não... isso eu nunca ganhei mesmo... Só estou um pouco triste, porque não tenho mais família... perdi meus pais quando era bem pequeno e fui criado por minha avó... mas ela se foi no ano passado e agora... só sobrou eu.”disse o garoto.

Surpreso, Romulo pensou em sua família e em tudo que havia ganhado... e lembrou de sua tristeza por não ter ganhado um jogo. O que era um jogo, se perguntou ele, perto de todo o resto que tinha a sua volta???

Nesse instante algo aconteceu que fez com que ele enxergasse as coisas de uma maneira muito diferente. Comovido pela história do garoto, convidou ele para almoçar com sua família nesse dia de natal.

O garoto sem jeito, aceitou, pois não tinha nem o que comer. Chegando em sua casa, entrou antes e explicou a situação para seus pais, que comovidos com a história, acolheram o garoto, que tinha a mesma idade de Romulo e se chamava João.

Romulo o levou a seu quarto para que tomasse um banho, deu-lhe algumas roupas limpas e enquanto o menino tomava banho, separou alguns brinquedos para dar-lhe de presente. O Natal naquela casa foi diferente de qualquer outro ano... repleto de amor, solidariedade e significado. Um natal que mudou o rumo das vidas de cada um naquela casa, que passaram a atribuir um valor diferente a tudo o que tinham e viviam, e principalmente ao amor e à família que tinham construido.

Romulo e João tornaram-se amigos, passaram a frequentar a mesma escola, e finalmente depois de alguns meses, a família de Romulo finalmente conseguiu adotar o menino que passou a morar com eles. Tudo o que aconteceu encheu o coração de Romulo de alegria, amor e solidariedade, que substituiram imediatamente a tristeza que havia sentido aquele dia.

E algumas semanas mais tarde, quando foi visitar sua madrinha, recebeu de presente o jogo que queria tanto... Olhou para o jogo e seus olhos encheram de lágrimas... sua madrinha assustada, perguntou o que havia acontecido, e ele sem hesitar disse: “Madrinha, eu entendi um coisa muito importante, quanto mais fazemos coisas boas pelos outros e pelo mundo, mais recebemos de volta... eu tinha ficado muito triste no natal, pois queria muito esse jogo, mas não o ganhei, sai de casa e algo muito importante aconteceu... eu fui bom e ajudei um garoto que estava triste na rua... eu só fiz isso... e com isso eu ganhei um irmão, uma felicidade que não cabia no coração, pude perceber a importância de tudo na minha vida, da minha família... minha família ficou muito mais feliz e eu ainda ganhei esse jogo, que foi o motivo pelo qual tudo isso me aconteceu...” disse ele.

“Me sinto o garoto mais sortudo e feliz de mundo madrinha. Obrigado!”disse Romulo. A madrinha emocionada, lhe respondeu: “Você acabou de me dar um valioso presente, meu filho... Me devolveu a esperança... me encheu de amor e de orgulho... e isso não tem preço... abençoado seja!” disse ela emocionada.

Depois desse natal a vida de todos que foram tocados por essa história, nunca mais foi a mesma... o espírito de natal bateu à porta e entrou em seus corações trazendo a mensagem de que quanto mais damos e doamos por amor, mais recebemos...

Um caloroso abraço!

Narjara Thamiz

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O Amor e a Esperança!

Recebi uma linda e tocante história, que fala sobre um tema que estava vivendo e refletindo nas últimas semanas...

O texto segue com algumas adaptações e posteriores reflexões...

“Sou mãe de três crianças (14, 12 e 3 anos) e recentemente terminei a faculdade. A última aula que assisti foi de sociologia, com um professor que dava as aulas de uma maneira inspiradora... e nosso último projeto do curso foi o projeto "Sorrir"...

A classe foi orientada a sair, sorrir para três estranhos e documentar suas reações...

Como sou uma pessoa bastante amigável e normalmente sorrio para todo mundo, achei que isto seria muito tranquilo para mim...

Logo após isso, fui com meu marido e o mais novo de meus filhos, numa manhã fria de Março, ao McDonald's. Foi apenas uma maneira de passarmos um tempo agradável com o nosso filho...

Estávamos esperando na fila para sermos atendidos, quando de repente todos ao nosso redor começaram a se afastar do balcão, incluindo meu marido.

Não me movi um centímetro... Um sentimento arrebatador de pânico tomou conta de mim, e me virei para ver a razão pela qual todos se afastaram...

Quando me virei, senti um cheiro muito forte de uma pessoa que não toma banho há muitos dias, e lá estava na fila dois senhores, aparentemente muito pobres.

Quando olhei para o senhor mais próximo a mim, ele estava "sorrindo"... Seus olhos azuis estavam cheios da Luz de Deus, e ele parecia buscar apenas aceitação...

Ele disse: Bom dia! - enquanto contava as poucas moedas que ele tinha amealhado...

O segundo homem tremia suas mãos, e ficou atrás de seu amigo... Eu percebi que ele tinha problemas mentais e buscava ajuda através do senhor de olhos azuis.

Eu segurei minhas lágrimas, enquanto estava lá, parada, olhando para os dois...

A jovem mulher no balcão perguntou o que eles queriam e ele respondeu: "Café já está bom, por favor...", pois era tudo o que eles podiam comprar com as poucas moedas que possuiam... Inclusive, como estava muito frio lá fora, para se proteger do frio se abrigando lá dentro, precisariam cosumir algo.

Então eu realmente sucumbi àquele momento, quase abraçando o pequeno senhor de olhos azuis...

A cena me tocou de tal forma, que eu sorri de volta para o senhor e pedi a moça do balcão que me desse mais duas refeições de café da manhã em uma bandeja separada...
Olhei em volta e vi a mesa em que os dois homens se sentaram para descansar... Coloquei a bandeja na mesa e a minha mão sobre a mão do senhor de olhos azuis...

Ele olhou para mim, com lágrimas nos olhos e me disse, "Obrigado!!"

Eu me inclinei, acariciei sua mão e disse "Não fui eu quem fiz isto por você, Deus está aqui trabalhando através de mim para lhe dar esperança!!"

Comecei a chorar enquanto me afastava deles para sentar com meu marido e meu filho...

Quando eu me sentei, meu marido sorriu para mim e me disse, "Esta é a razão pela qual Deus me deu você, querida, para que eu pudesse ter esperança!!"

Seguramos nossas mãos por um momento, e sentimos que pudemos compartilhar com outros algo que Deus nos tem dado muito...

Retornei à aula na faculdade, na última noite, com esta história em minhas mãos. Entreguei "meu projeto" ao professor e ele o leu, não só para ele, como para a classe...

Essa história tocou não só o meu, mas os corações de todas as pessoas que a ouviram.

Eu me graduei com uma das maiores lições que certamente aprenderei: A aceitação incondicional”

Ler essa história me emocionou muito e me fez refletir sobre a nossa capacidade ou possibilidade de ver além das aparências, de realmente enxergar o outro, e de cuidá-lo... me fez ver a importância do AMOR INCONDICIONAL, da FÉ e da ESPERANÇA em nossa caminhada na terra.

Também fiquei refletindo sobre os dias em que acordamos tristes, sem esperança, sobre os momentos que questionamos o porquê estamos aqui... sobre as vezes que tudo parece difícil demais ou injusto demais, as vezes que as coisas parecem não ter sentido e nem valer a pena...

Nesses momentos, Deus se revela através de seus anjos com palavras ou gestos... com sinais de amor e de cuidado que nos fazem lembrar o porque estamos aqui, sinais que tocam nossos corações e almas relembrando-nos o sentido e o valor da vida, devolvendo-nos a esperança, a fé e a confiança que nos reconectam conosco mesmo e com o universo.

Ele nos toca com os mais simples e sutis gestos, como a brisa, um sorriso, uma palavra, nos lembrando que existe algo maior que nós mesmos e que tudo nessa vida é uma oportunidade para nossa evolução, que tudo é passageiro, mas muito importante, pois são os caminhos para nosso desenvolvimento, e é como agimos, como encaramos cada momento de nossas vidas e os aprendizados que delas tiramos, o que realmente conta e faz a diferença no nosso caminho e nas vidas dos que estão à nossa volta.

Cada um de nós tem uma linda jornada pela frente, uma jornada para ganhar consciência, para reelembrar que somos todos parte do todo, parte de Deus. Nesse caminho, cada um de nós é responsável pelo nosso próprio processo, mas também somos responsáveis pelas sementes que semeamos pelo caminho.

As dificuldades nos engrandecem e nos fazem crescer, preparando-nos para os verdadeiros desafios da alma, quando conseguimos delas aprender e passar por elas com confiança e persisitência... quando olhamos para esses momentos da vida como oportunidades que a vida nos dá para evoluir, isso nos permite ganhar cada vez mais consciência e compreensão sobre o papel e a importância dessas experiências em nosso processo de evolução.

Tenham uma linda jornada!

Namastê,

Narjara Thamiz

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Um dia como nenhum outro

Mais um dia amanhece e a rotina de Maya, uma jovem adulta, deveria se reiniciar junto com ele... acordar, tomar banho, tomar café da manhã lendo o jornal do dia e o corre-corre pra chegar a tempo no trabalho, desviando do trânsito.

Porém esse foi um dia diferente... ao sonar do despertador, Maya tenta levantar da cama, mas sua tentativa é em vão... ela não consegue mexer os músculos das pernas... grita por ajuda, em pânico, e sua mãe, assustada, vai ao seu encontro.

Ambas assustadas e sem saber o que está acontecendo, se dirigem ao hospital para procurar ajuda... enquanto lá esperam os resultados dos exames, a mãe de Maya, no intúito de acalmá-la, lhe diz:
“Minha querida filha, tudo ficará bem, pode parecer confuso agora, mas logo passará. Devemos ter confiança no plano Divino, pois nada acontece por acaso... tudo tem um propósito maior e pode ser que não o entendamos agora, no momento presente, mas sempre teremos oportunidades de entender as coisas posteriormente, se tivermos olhos e ouvidos para isso.”

Essas palavras da mãe, pareciam bonitas, mas não lhe faziam sentido, nada a consolava, além disso ela não tinha condições de enxergar nada além de sua situação presente.

Os piores pensamentos passavam por sua cabeça, tentava entender e assimilar o que significaria nunca mais poder andar pelo resto de sua vida, que ainda só estava começando.

Ela fez muitos exames, mas nada resultou... os médicos não sabiam o que estava acontecendo e nem o que possivelmente Maya tinha. Mas como nenhum dos sinais vitais estavam alterados, ela permaneceria uns dias no hospital para concluir testes e exames e poderia voltar para casa, até que os médicos entendessem o que estava acontecendo.

Desesperada, Maya procurou respostas, soluções, explicações para o que lhe estava acontecendo... procurou terapias alternativas, videntes, rezou... porém nada de diferente encontrou... todos a diziam que não era nada grave e que talvez um dia compreendesse o porquê.

Mas isso não era suficiente, não resolvia seu problema... algumas semanas passaram e Maya se remoia de indignação e tristeza... se sentia vítima da vida e continuava a lutar bravamente contra seu aparente destino... tudo em vão e a cada dia, parecia mais debilitada e sem vida.

Porém um dia, algumas semanas mais tarde, Maya teve um sonho inspirador e acordou com uma sensação diferente. Movida pela intuição, começou a refletir sobre algumas coisas... Pensou:
“O que está acontecendo em minha vida, de modo tal, que me meu corpo adoeceu? O que ele quer me dizer com isso? Que sentido tem o não poder andar?”
“Será que estava caminhando para uma direção que não lhe era a mais conveniente?”

Essas perguntas fizeram com que ela lembrasse da fala da mãe, de que nada é por acaso e de que um dia ela entenderia o sentido de tudo...

Apesar de ainda não entender, resolveu mudar de atitude e ao invés de se lamentar, pensou no que poderia fazer naquela situação... foi quando começou a escrever para expressar o que sentia... escreveu e refletiu mto durante o mês todo...

Tudo começou a mudar a partir dessa pequena mudança de postura e de emoção que Maya fez... e foi um momento muito rico de auto-conhecimento, pois ela começou a refletir sobre como estava vivendo sua vida, sobre as escolhas que estava fazendo, sobre as emoções e atitudes que estava conservando, sobre seus desejos e sua missão de vida.

Começou a fazer fisioterapia, mas ainda nada resolvia a questão da perna que nenhum sinal de melhora tinha. Quase 2 meses se passaram e um dia resolveu encontrar uma amiga que não via há muito tempo, quer dizer, a amiga, sabendo de tudo o que aconteceu, resolveu visitá-la.

Lá estavam conversando e amiga lhe dizia:
“Mas Maya, não pode deixar pra lá...tem que entender o que acontece com sua perna pra voltar a andar.” Como é possível que ninguém saiba de nada? Os médicos são incompetentes...”

Maya com muita serenidade, lhe respondeu: “Amiga, fiz tudo o que estava ao meu alcance e o que não estava também... conclui que por algum motivo meu corpo quer que eu pare, minhas pernas não queriam mais caminhar pelo estrada que estavam trilhando... eu ainda não descobri porquê, mas tenho certeza que um dia saberei... os médicos e os exames afirmam que não há nada físico comprometendo o movimento das pernas... o que mais poderia fazer?”

Durante um bom tempo fiquei revoltada, me senti injustiçada e vítima, mas resolvi sair desse lugar, e muitas coisas se abriram, minha visão se abriu e a visão da vida e do mundo que tinha, se transformaram... isso já valeu ter ficado esse tempo assim, já valeu 1 vida... nem consigo mensurar o quão melhor me sinto... e te digo mais... tomei decisões importantíssimas e acho que eu encontrei comigo mesma, verdadeiramente... sei o que quero e o que não quero...”

“Nossa, que profunda sua experiência.” Disse a amiga. “Vejo algo diferente em seus olhos e em sua postura mesmo.”

“Sabe, uma das reflexões que fiz, foi: Será que é necessário passar por algo assim, por tamanho sofrimento para que essa transformação aconteça?” Fala Maya, dirigindo-se a amiga.
 “Eu acho que no meu caso, era necessário, mas acho que em muitos não... se as pessoas se fizessem apenas algumas perguntas... se parassem para refletir um pouco mais sobre como vivem suas vidas, sobre as escolhas que fazem... e entendessem que essas escolhas são responsáveis por tudo o que vivem dali em diante... mas que também temos a possibilidade de viver em tempo O. Quer dizer... vivemos em tempo 0, e podemos fazer sempre escolhas e mudar tudo o que está a nossa volta com essas pequenas escolhas... percebi, que com pequenas mudanças que fiz, muitas coisas se transformaram em mim e a minha volta... então, imagino que possa ser assim para todos... queria dizer isso pro mundo...

“Então diz! Eu quero ouvir” disse a amiga super interessada.

Nesse momento, entra a mãe no quarto para servir um suco com biscoitos e ao ouvir esse pequeno trecho da conversa, fala para Maya que mostre seus textos à Camila, sua amiga.

Maya envergonhada, por que isso lhe era muito íntimo, fica brava com a mãe, mas a amiga agora passa a insistir em ver os textos... Assim, Maya os mostra, com uma certa vergonha...

Camila, ficava cada vez mais encantada com o que lia e disse para amiga que poderia publicar esses textos, fazer deles um livro... que a linguagem era gostosa e o conteúdo maravilhoso... Num primeiro momento, Maya se constrangeu e disse que nunca havia escrito antes e que não tinha essa intenção... “Escrevo com a alma, não para publicar, mas para que as pessoas possam um dia ler e se beneficiar de algo que aprendi a duras penas...” disse Maya.

“Por isso mesmo tem que publicar, amiga. Como as pessoas poderão ler, se não publicar?”
“Eu te ajudo... tenho contato numa editora que se interessaria pelo tema e por sua obra... se me permitir...”Concluiu Camila.

Os olhos da mãe de Maya brilhavam, assim como os da amiga... e num ímpeto, Maya tem a intuição de que derepente sua situação não só serviria e beneficiaria a ela, mas poderia virar um livro e beneficiar muito mais gente... nesse momento parecia fazer mais sentido tudo o que lhe acontecera, as decisões que tomou e o caminho que estava seguindo...

Maya decide aceitar o conselho e a ajuda da amiga e 3 meses depois seu livro estava publicado, sucesso de vendas e muitos elogios e feed-backs do quanto ele estava sendo transformador para algumas pessoas.

Nesse meio tempo, numa manhã, 3 meses após a paralisia e 2 antes de lançar o livro, Maya acorda sentindo um pouco de dor nos dedos do pé... chama a mãe e ambas animadas vão procurar a fisio que estava cuidando de Maya.

Comemorando a fisio diz que isso é um excelente sinal de recuperação, pois Maya teve alguma sensação. No lançamento de seu livro, 2 meses depois, com bastante fisioterapia e esforço, Maya já estava andando normalmente...

Em uma entrevista ela explicava o porque do nome do livro, dizendo: “Me dei conta que existe uma lei universal que rege tudo, e essa lei está sempre em prol de nossa evolução, mesmo que as vezes aconteçam coisas que aparentemente são “ruins”... quando vivemos essas coisas abrindo mão do nosso ego, que é limitado e muitas vezes não é capaz de entender o processo que estamos vivendo... quando deixamos de nos sentir vítimas e percebemos o quanto somos responsáveis por tudo o que vivemos... aí sim, somos capazes de aprendemos com essas coisas e de perceber as oportunidades que nos foram dadas para nosso crescimento... somos capazes, se temos olhos para ver, como cada coisa que acontece em nossa vida é tão preciosa quanto a própria vida, pois trazem a semente do amor e da sabedoria do universo, vivemos cada vez mais felizes e encontramos nosso próprio caminho. :) Acho que essa é a história do título do livro: “Sabedoria do Universo”

Namastê!

Narjara Thamiz

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A vaidade!

"A vaidade é nosso maior inimigo, pense sobre isso... o que nos enfraquece é nos sentirmos ofendidos pelos feitos e desfeitas de nossos semelhantes. Nossa vaidade faz com que passemos a maior parte de nossas vidas ofendidos por alguém. Os novos videntes recomendavam que todo esforço devia ser feito para erradicar a vaidade da vida dos guerreiros. Eu segui aquela recomendação, e muitos dos meus esforços com você têm sido dirigidos a mostrar-lhe que, sem vaidade, somos invulneráveis." - Don Juan Matos. (Carlos Castañeda - O fogo interior)

Essa sábia frase me trouxe uma reflexão sobre a fragilidade do nosso ego... como a busca pelo reconhecimento e pelo ‘amor’/olhar do outro pode tomar grande parte de nossa energia e pautar a maior parte de nossas escolhas.

Passamos grande parte do tempo buscando preservar nosso espaço, ou buscando espaços onde temos presença, onde somos vistos, amados, reconhecidos... e ao menor sinal da ameaça da rejeição, nos recolhemos, ou nos defendemos.

A vaidade pode ser uma ‘trampa’, a ilusão do poder, do reconhecimento, do amor... mas, sem amor-próprio e humildade não há torre que se sustente, pois quanto mais alta a torre, maior tem que ser sua base de sustentação, pois mais frágil ela se torna.

Lembremos do Advogado do Diabo e do mito de narciso... A ferida narcísica dói! Que dor é essa? A que ela serve?

Pensemos sobre isso...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Escrevendo a Própria História!

Ao conversar com uma grande amiga e companheira de reflexão, a Fê, parei para refletir sobre como nos colocamos no mundo...

Ela estava refletindo sobre "como cooperar com quem compete" uma reflexão que nos remeteu ao tema de agir de acordo com nossa natureza, independente das circunstâncias. Então, surge para Fê a seguinte pergunta, que inspira esse texto: Qual o papel do meio nesse processo?

As vezes nos manter de acordo com nossos valores, com nossa natureza, tem um 'preço' que nem sempre é fácil bancar, inclusive pelas pressões que o meio e as expectativas à nossa volta exercem...

O meio, principalmente durante nossa formação, tem um papel fundamental na construção de nossos valores e ele certamente contribui muito para nossas escolhas, que muitas vezes são em função do olhar e do desejo do outro, muito mais do que pelo nosso...

Muitas vezes seguir nosso próprio caminho ou manternos da acordo com ele, nos faz lidar com a frustração e com o desapego de ser aceito ou de suprir as expectativas do meio.

E surge mais uma pergunta: Até que ponto conseguimos diferenciar o que é do meio e o que é nosso?

Há um momento em nossas vidas, quando nascemos, em que nós e o outro somos inseparáveis, porque nos constituimos através do olhar e do desejo desse outro, nosso cuidador. Nos reconhecemos como humanos através desse olhar e desse cuidado, e o cuidador nos reflete como um espelho para que possamos enxergar a nós mesmos.

Esse contato desperta nosso auto-amor, constrói nossa auto-estima e nossa percepção de nós mesmos e do mundo... surgem aí as primeiras marcas de como futuramente nos relacionaremos com a vida, com as pessoas e acima de tudo conosco mesmo.

Crescemos e continuamos na busca de espaços de amor e bem-estar, o que é natural do ser humano. Porém, algumas vezes essa busca se torna uma busca que atribui o amor e o reconhecimento por nós mesmos, para o meio fora de nós, e seguimos em busca desse olhar, desse amor, desse reconhecimento pelo outro, no desejo de ser visto e de ser amado pelos que estão à nossa volta.

Essa busca muitas vezes se configura como a razão de nosso viver, como àquilo que nos mantém vivos. Buscamos de muitas formas, através do conhecimento, do poder, da fama, do status, do consumo, do alimento, da caridade e de muitas outras, mas que parece nunca satisfazer o âmago de nossas almas.

O fato é que continuamos agindo como se esse amor viesse de fora e como se ele fosse aquele que nos preencherá e nos realizará como pessoas. Por isso, atribuimos um valor muito grande ao que o mundo espera e acha de nós, e mais ainda, tentamos suprir isso que acreditamos que o mundo e o outro esperam de nós.

Nessa busca nos perdemos de nós mesmo, nos misturamos com os outros, com a cultura, nas expectativas e nas ilusões que percebemos como o outro e como o mundo. E aí já não conseguimos distinguir o que é meu e o que é do outro.

E podemos dizer que essa busca é uma cilada, porque o que achamos que o outro espera de nós, tem a ver conosco e não com o outro.

Cada um de nós tem seu próprio caminho de vida, sua missão a realizar, seus karmas e dharmas a cumprir, um propósito... cada ser humano é único em sua composição física, história de vida e percepção de mundo...

Mas quantos de nós realmente entra em contato com nossos mais íntimos sonhos, valores, desejos?

Quantos de fato somos livres pra pensar, sentir, escolher por nós mesmo ???


A liberdade de escrever nossa própria história, de desvelar nosso caminho, nossa missão, nossos valores mais profundos e nos mantermos coerentes a esses, é para todos, mas alcançada por poucos.

Acabamos herdando desejos, expectativas e valores de nossas famílias e da cultura em que vivemos, e apesar da oportunidade reflexiva, intrínsica ao ser humano, e da vida nos levar por caminhos que nos proporcionariam essas reflexões, muitas vezes tapamos olhos e ouvidos para evitar a dor da reflexão, do desapego, das escolhas e perdas que esse caminho pode implicar.

Assim, seguimos apegados aos velhos paradigmas, aos antigos valores, ao que achamos que são as expectativas do mundo, e as nossas, seguimos olhando pra fora e buscando nossa auto-realização e o reconhecimento lá. O que não nos damos conta é que esse caminho pode trazer muito mais dor, a dor de não ser quem somos, a prisão às ilusões de existe algo fora de nós e que é lá que estão os parâmetros do que é o melhor, do que é o certo ou o errado... a dor de passar a vida toda tentando suprir essas expectativas e parâmetros e continuar no vazio e na falta de sentido de nunca suprí-las.

Como já dizia Gandhi: "A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência."

Quando somos capazes de nos despir de tudo isso, dos papéis que exercemos, das expectativas que imaginamos, das exigências que colocamos, somos capazes de olhar e reconhecer quem realmente somos e distinguir o que é realmente nossa essência, e assim podemos refletir e escolher com consciência e responsabilidade o que queremos conservar para nossas vidas. Nesse momento assinamos nossa própria história e tomamos as rédeas de nossas próprias vidas.

Sigamos o exemplo dos grandes mestres como Jesus, Gandhi, Mandela, Eisten e outros muitos famosos e anônimos, que encontraram e se mantiveram-se fiéis às suas missões de vida e valores, muitas vezes indo contra tudo e todos.

Eles puderam contribuir com grandes mudanças para a evolução da humanidade, tendo na maioria das vezes que abrir mão de muitas coisas e desapegar-se tanto dos paradigmas da época, quanto da maneira como se pensava e agia... e muitas vezes perdendo pessoas amadas, o conforto físico e até de suas vidas.

Porém, se não tivessem se mantido firmes em seus caminhos, independente do que se dizia, pensava e esperava na época em que viveram, como seria o mundo hoje??

Ser autor da própria vida implica na liberdade de escolher, na capacidade de refletir e no desapego do olhar externo.


Fica para nós a reflexão sobre o que queremos de nossas vidas...

"QUE A NOSSA MENSAGEM SEJA A PRÓPRIA VIDA" Gandhi

Namastê,

Narjara Thamiz

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Reflexões sobre o Perdão...

Era uma vez um garoto de 8 anos, chamado Atha, que passava todas as tardes na casa de seus avós, conversando com seu avô sobre a vida e sobre as coisas que vivia e aprendia.

Seu avô sempre lhe fazia perguntas intrigantes que o deixavam um tempão pensando; também lhe contava histórias que tocavam seu coração e as vezes desafiavam sua mente.

Mas um dia, Atha chegou a casa de seus avós e seu avô não estava. Sua avó contou-lhe que seu avô ficou um pouco doente e teria que ficar no hospital por alguns dias para se fortalecer e voltar para casa recuperado.

Triste o garoto insiste em ver o avô para tentar entender porque ele tinha ficado doente e o que estava fazendo no hospital, já que Atha tinha ficado doente algumas vezes, mas nunca precisou ficar no hospital.

Quando chega ao hospital, vê seu avô deitado numa cama com um olhar triste, parecendo bem fraco fisicamente e com algumas agulhas espetadas em seus braços. Preocupado e surpreso, pois nunca havia visto seu avô assim, o garoto pergunta:

Atha: Vovô, o que está fazendo aqui? Porque está assim?

Avô: Querido Atha, vou lhe contar uma história...

Era uma vez um garoto de 7 anos, que vivia feliz com sua família. Ele era o mais velho e bastante responsável, ajudando sua mãe a cuidar dos 3 irmãos menores. Tudo estava bem, exceto por algumas brigas que os pais tinham em casa.

Mas um belo dia, tudo mudou. O garoto acordou e foi para escola com os irmãos, como todos os dias, mas quando chegou em casa, seu pai não estava e sua mãe chorava muito.

Sem saber o que fazer, o garoto correu para abraçar a mãe e perguntou o que havia acontecido e onde estava o pai. A mãe chorando lhe disse que o pai tinha saído de casa, abandonando a família para viver com outra mulher.

Naquele momento, a vida do garoto mudou... ele sentiu tantas coisas ao mesmo tempo... ficou com medo, raiva, sentiu-se inseguro, abandonado, culpado... e acima de tudo, sentiu que a partir daquele momento, ele seria o responsável pela casa, pela família, pela mãe e por seus irmãos... tão pequeno e com tantas responsabilidades...

A dor e a responsabilidade fizeram com que ele se fechasse para o mundo e virasse um adulto muito cedo. Começou a trabalhar, cuidar dos irmãos e da mãe.

Atha: Mas vovô, ele não foi conversar com o pai pra saber o que tinha acontecido? Porque o pai foi embora??? Eles nunca mais se viram??

Avô: Meu filho, a vida seguiu e ele tentou sim conversar com o pai, mas se sentia tão machucado por tudo, que não conseguiu de fato ver e ouvir seu pai, estava cego pela raiva e pela mágoa.

Esses sentimentos, quando guardamos eles dentro de nós, nos cegam, tornando-se véus na frente de nossos olhos e corações, impedindo que enxerguemos ou sintamos verdadeiramente.

Eles ficam presentes em nossas vidas, ocupando um espaço dentro de nós, que poderia ser ocupado por outras coisas. E muitas vezes nos impedem de sentir coisas boas.

Quando o garoto foi conversar com o pai, chegou assumindo que já sabia a verdade, gritando e acusando o pai, que se sentiu culpado, triste e com raiva e só conseguiu se defender do filho... mas o menino não percebeu isso... na verdade, tinha a esperança de que o pai tivera se arrependido, que falaria que os amava e que ia voltar... mas encontrou o pai bem e feliz, com uma nova família, pois a mulher que o acompanhava já estava grávida...

O pai se defendeu com poucas palavras e disse que estava buscando a felicidade dele... mas o garoto sentiu isso como um egoísmo do pai, já que hoje em sua casa todos estavam infelizes... Naquele momento ele se foi correndo e decidiu que não queria mais ver o pai... mas na verdade queria o seu amor... sua defesa foi de se afastar para que aquilo parasse de doer e cicatrizasse. Mas anos se passaram e a ferida não se cicatrizou... o menino não falou mais com o pai e seguiu sua vida.

O pai tentou estar próximo, acompanhando a vida do garoto de longe e o garoto suprimiu tudo isso e tentou nunca mais pensar no assunto, mas na verdade, tudo estava dentro dele sem resolver.

Atha: E aí vovô?? Que triste?? Como esse menino viveu??

Avô: Ele viveu carregando uma profunda tristeza dentro dele, fingindo que ela não existia, porque doía muito pensar sobre ela, mas na verdade, ela nunca cicatrizou direito e o garoto nunca teve a oportunidade de falar de novo com seu pai. Quando ele tomou a decisão de se afastar, criou mecanismos tão rígidos para se defender... como escudos de aço, que nunca conseguiu transpor esses escudos e nem seu pai.

Ele cresceu, formou sua família, mas sentia um vazio dentro de si, algo que estava lá e que não podia ser tocado.

Seu pai um dia faleceu e ele nem ao enterro foi... mas depois disso, sofreu muito por não poder ter conversado com seu pai sobre tudo isso... nunca se sentiu preparado e quando o pai faleceu, se deu conta que nunca mais seria possível fazê-lo... nem fazer as perguntas e nem tentar entender o que houve por parte dele.

Sua mãe, preocupada, o chamou para uma conversa e contou um pouco sobre como foi que as coisas aconteceram, como ela as viveu, como seu pai as viveu, do ponto de vista dela. E nesse momento, o garoto já grande, se deu conta de que uma história sempre tem dois lados... que as pessoas fazem o melhor que elas podem fazer, no momento em que estão vivendo e com os recursos que têm.

Ele percebeu como ele se sentiu e o que o impediu de conversar com o pai e de entender esse outro lado da história... entendeu o sofrimento da mãe e do pai... mas principalmente, entendeu como ele tinha vivido tudo isso.

Mas, quando tudo isso aconteceu, seu pai já se havia ido e ele não mais poderia ter essa conversa com ele... todos esses sentimentos de dentro dele, ‘acordaram’... as mágoas, a raiva, mas acima de tudo a culpa e a tristeza de não poder reconstruir a história com o pai.

Algum tempo depois, esse garoto grande adoece, pois todas essas emoções que ficaram lá guardadas foram transformando suas células... seu corpo todo sentiu o que ele sentia... e sua força de reagir ficou menor, porque sua tristeza já consumia suas forças e a esperança morria.

A tristeza enfraqueceu seu pulmão e dessa fraqueza surge um tumor, contendo tudo isso que ficou guardado durante todos esses anos.

Atha: Mas vovô, se ele descobriu tudo isso, porque ele não pode desfazer esse tumor? E se ele parasse de sentir todas essas emoções, o tumor iria embora?

Avô: Eu não sei, Atha... eu não sei... essas emoções são tão profundas, que parecem que fazem parte de nós, de quem somos... e já não conseguimos distinguí-las... nos apegamos a elas para não sucumbir no vazio, mas na verdade elas que nos tornam vazios, pois não permitem que nada mais entre.

Atha: Sabe vovô, minha professora falou um dia na escola que tudo o que temos é o momento presente e que tudo o que vivemos, vivemos hoje e a partir de hoje. A vida acontece em tempo 0 e assim podemos mudar o rumo dela e o modo como vivemos a cada instante que vivemos... Eu fiz o teste. E sabe vovô, deu super certo!

Eu me sentia rejeitado na escola... achava que ninguém gostava de mim... então me isolava das pessoas para que não me machucassem... e elas cada vez mais distantes de mim estavam.

Ficava muito triste com isso, mas quando ouvi a professora falar isso, me senti um mágico e resolvi tentar a minha primeira mágica... o plano era me aproximar de uma pessoa pra ver se ela se aproximava de mim, e se desse certo, eu faria isso com outras. Pois escolhi uma pessoa, fui até ela, ofereci pra dividir meu lanche e fiz algumas perguntas sobre uma matéria que ela era boa.

Vovô, não é que deu certo! A partir desse momento, fiz isso com vários colegas da escola e funcionou, tudo foi mudando em torno das decisões e das ações que eu tomava. Hoje, tudo é muito diferente.

Será que esse garoto grande não pode sarar, mudando a maneira como sente e vive, então?

Avô: Atha, estou orgulhoso de você. É um garoto precioso que amo muito. Sua professora e você têm razão, vivemos o agora e escolhemos a cada instante... e tem mais uma coisa que esse garoto grande descobriu. Talvez a mais importante lição que tenha aprendido de tudo isso.

Atha: E qual foi? pergunta Atha curioso.

Avô: Foi perceber que nunca conseguiu perdoar seu pai, porque não se perdoou. Ele sentia culpa pelo abandono do pai, achava que ele não era um bom filho e por isso o pai se foi... sentia culpa pela raiva que sentia dele... culpa pelas agressões e por se manter distante, mesmo querendo estar mais próximo.

Todas essas ‘falhas’ que ele via nele, nunca foram perdoadas por ele mesmo e quando não conseguimos nos perdoar e nos amar, não conseguimos fazer isso pelo outro.

O perdão brota de dentro de nós, da nossa compaixão pelo outro, da compreensão de que na maioria das vezes fazemos o melhor que podemos no momento que estamos vivendo com os recursos que temos.

Mas ele não brota para o outro sem antes surgir para nós mesmos. Temos que entender nossos erros e nos perdoar por eles, pois errando aprendemos e o erro faz parte do nosso processo de crescimento e de ser humanos... mas quando ficamos presos a eles, nos amarramos em nossa própria ignorância, na onipotência de que conhecemos ou somos os donos da verdade.

O erro é posterior à experiência, quando vivemos, vivemos como válido o que vivemos, não distinguimos entre ilusão e percepção, então só nos damos conta que erramos, quando comparamos essa experiência à uma outra experiência a posteriori e refletimos sobre a experiência anterior.

A verdade está dentro de cada um, pois cada um de nós é um mundo diferente, e vivemos as experiências e as emoções de formas distintas... pensamos diferente e temos ações a partir de tudo isso... então, não podemos afirmar que uma verdade é única, ela é uma verdade dentro do contexto em que existe, e para as pessoas que nela acreditam.

Esse garoto grande, hoje seu avô, ficou apegado às verdades que ele creia universais, mas que na verdade eram dele... e acabou por julgar seu pai a partir desses critérios. Mas de fato, nunca conseguiu ouvir seu pai e nem a si mesmo, pra ser bem sincero.

Meu querido neto, o perdão nos aproxima do divino, nos aproxima de nós mesmos, nos possibilita a liberdade e a paz interior... o perdão nos torna leves, e desbloqueia nosso coração, permitindo que novas emoções, experiências e até pessoas entrem.

Atha: Mas vovô, então perdoa pra se curar. Por que é tão difícil perdoar?

Avô: Abrir mão da nossa dor, do nosso orgulho, olhar menos para nós e conseguir ver o outro, admitir erros e fraquezas, nem sempre é fácil.

Pra perdoar, abrimos mão de nossas certezas e da nossa razão, perdoamos com o coração, com o amor, com a compaixão. Ele surge através de nós, quando abrimos mão de conservar atitudes e emoções que nos prendem a uma dinâmica destrutiva e cega.

Enquanto não perdoamos, parece que nos falta um pedaço, não estamos inteiros. Já quando perdoamos, se desfazem os nós ou doenças que se cristalizaram por essas emoções.

Atha: Vovô, eu ficarei aqui com você e te ajudarei a se recuperar...

Com muito amor, dedicação e curiosidade do garoto, o avô foi capaz de se perdoar e de conversar com seu falecido pai, dentro dele.

Curou-se do câncer e um mês e se aproximou da segunda família do pai, para reconstruir alguns laços afetivos.

Que fique para nós a reflexão sobre as emoções e experiências que guardamos conosco, e a dica para soltar nossos apegos, perdoar para ser perdoado, agindo em tempo 0.

Namastê!

Narjara Thamiz

terça-feira, 23 de junho de 2009

Reflexões sobre o Presente...

Estava a observar um gato e as coerências de seu viver, tão incrivelmente simples e harmônico. Ele vivia com uma família amorosa, em uma casa na cidade, e passava uma parte do tempo com a família, que lhe acariciava, alimentava e dava-lhe abrigo, e a outra parte passeava pelos telhados, encontrava com outros gatos, visitava outras casas...

O que me chamou atenção, é que em todos esses espaços ele disfrutava seu viver e conviver no prazer do momento presente, em coerência com o que estava vivendo, ora aqui e ora lá...

Já sua família, ficava triste e preocupada quando o gato não estava em casa, procuravam-no o tempo todo, e em sua ausência viviam no desconforto da PRE-ocupação.

Essa observação me gatilhou uma reflexão sobre quanto vivemos nossas vidas presentes, inteiros naquilo que fazemos, disfrutando do prazer das interações e das experiências enquanto as vivemos. Me perguntei: Por que a família não conseguia viver seu viver em harmonia, quando não estava o gato, mesmo sabendo que ele gostava de disfrutar do mundo externo à casa?

Muitas vezes vivemos carregando o peso do nosso passado e a pre-ocupação ou as expectativas pelo futuro, fazemos coisas no presente, mas nossa cabeça está em qualquer outro lugar que não no presente, ou seja, NÃO vivemos, NÃO estamos...

Mas também percebo que todos temos lindos momentos de presença plena, onde estamos centrados em nós mesmos, vivendo o que estamos vivendo, inteiros no presente.

Esses são momentos de bem-estar e de amor, em sua maioria... momentos onde nosso desejo encontra o presente... momentos onde estamos vivos, onde aprendemos, onde a verdadeira interação conosco mesmo e com outros é possível, pois esvaziamo-nos para simplesmente estar, viver.

A aprendizagem, a reflexão e o amor acontecem nesses espaços, que estão cada vez mais raros em nosso dia-a-dia.

Vivemos sob muitas pressões e expectativas, mas quando paramos para refletir nos encontramos com nossas próprias pressões e expectativas.

Cada segundo é precioso, eles vôam com o vento e jamais retornam. A vida de cada um de nós tem um valor inestimável e depende, exclusivamente de cada um, o que escolhemos fazer dela.

Ficam as reflexões: Como estamos vivendo o nosso viver? O que queremos conservar dele?

Namastê!

Narjara Thamiz

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Qual o Sentido da Vida?

Existe uma pergunta que me faço há muito tempo. Qual o sentido da vida?

Alguns dizem que a vida é para ser desfrutada, outros dizem que o sentido é ser feliz, alguns dizem que é amar e estar a serviço das outras vidas, e ainda tem os que dizem que a vida simplesmente não tem sentido.

Vejo que o sentido da vida pode ser tudo isso e mais, porque pra mim, o sentido da nossa existência mora dentro de cada um de nós. E percebo que quando não atribuimos nenhum sentido, significado ou propósito para nossas vidas, parace que vivemos num vazio sem fim...

Vazio que vamos tentando preencher com novas experiências, novos relacionamentos, adquirindo novas coisas... mas cada vez, precisamos mais e mais dessas coisas, porque quanto mais buscamos fora, mais aumenta o vazio por dentro.

Muitas vezes parece que estamos sozinhos em nossas caminhadas, até nos sentimos assim, mas cada um de nós tem sim um sentido para sua vida, uma missão a cumprir, que é só nossa... parte de nossa história. Podemos compartilhar nossa jornada com outras pessoas, mas nunca dividir ou abandonar nossa responsabilidade por ela, e nesse sentido, sim, estamos “sozinhos”.

Mas se olharmos bem fundo dentro de nós ou a nossa volta, teremos a certeza de que nunca estamos sozinhos... quando sentimos a brisa no rosto, o calor do sol, quando vemos a beleza do universo, quando temos um insight ou uma inspiração, quando aparece justo o que precisamos... assim nossos anjos, guias e guardiões se comunicam conosco. E nunca nos deixam só, mesmo que neles não acreditemos... nunca estaremos só, mesmo quando não temos ninguém ao lado, mesmo quando temos que remar contra a maré...

Em minhas buscas pelo meu sentido de vida, cheguei à algumas respostas...Vejo a vida como um lindo presente de Deus, que nos dá a oportunidade de ampliar nossa consciência e evoluir em nossa jornada, como pessoas, mas mais importante, como almas.

A vida é uma dança que nos apresenta muitos ritmos e caminhos, como oportunidades para irmos removendo os véus que nos envolvem e tapam nossa visão... quando dançamos em seu ritmo, os véus vão caindo, um a um, e nos desvelamos em um caminho harmônico de ganho de consciência, plenitude e felicidade, mesmo com as dificuldades.

Assim, como somos em essência divinos, mas nos esquecemos disso, intuo que ganhamos a vida para redescobrir quem nós verdadeiramente somos e para aprender cada vez mais com todos os desafios que vivemos, e quando logramos isso, compartilhar e nos disponibilizar para contribuir com o processo de consciência de outros.

QUAL O SENTIDO DE SUA VIDA?

Namastê!

Narjara Thamiz

terça-feira, 2 de junho de 2009

O Monge e o Escorpião!

"Um monge e seus discípulos caminhavam por uma estrada e, ao passarem por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas.

O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o escorpião na mão. Quando o trazia para fora, o escorpião o picou e, devido a dor, o monge deixou-o cair novamente no rio.

Foi então à margem tomou um ramo de árvore, e foi outra vez até até o rio, colheu o escorpião e o salvou.

Quando o monge retornou junto aos seus discípulos na estrada, que haviam assistido à cena toda, eles o receberam perplexos, dizendo:

“Mestre deve estar doendo muito! Porque foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o salvara! Não merecia sua compaixão!”

O monge ouviu tranquilamente os comentários e respondeu:"Ele agiu conforme sua natureza e eu de acordo com a minha."

Lendo esse conhecido conto oriental, fiquei pensando sobre quantas vezes abrimos mão daquilo que somos, do que sentimos e do que acreditamos, em função de alguém ou de alguma situação que vivemos.

As vezes ferimos o outro, porque nos sentimos feridos, ou deixamos de expressar sentimentos e emoções, por nos sentirmos ameaçados. Há momentos em que deixamos de fazer coisas que realmente acreditamos, porque ninguém mais acredita ou apoia, ou porque simplesmente ninguém mais faz, nem dá valor.

Fiquei triste ao imaginar quanto amor, talento e sabedoria deixamos de receber e doar para mundo e para os que estão à nossa volta. Quanto deixamos de ser quem realmente somos, ou de agir conforme nossa natureza e nossos valores em função de tudo isso, dos papéis que achamos que temos que cumprir, das expectativas que cremos estar a nossa volta, mas que estão principalmente dentro de nós.

Por que ainda damos mais atenção para o que está fora, se não existe de fato nada fora de nós?

Nos embotamos em nossa natureza e criamos uma máscara para “sobreviver” ao mundo e à cultura que vivemos, mas ao fazer isso continuamos a mantê-la e alimentá-la. Será que é realmente isso que queremos para nós e para nosso mundo?

Um grande abraço caloroso para o frio que nos presenteia São Paulo, nessa semana!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A Teia da Vida!

Um jovem menino, criado numa pequena cidade nas montanhas, onde a natureza e o ser humano co-existem ainda em harmonia e respeito, que jamais saiu de lá, nem tampouco entrou em contato com outras realidades, assiste a um documentário, mostrado na escola, sobre a sociedade humana atual e fica bastante assustado e confuso com o que vê, pois tudo estava muito distante da realidade que conhecia, tendo sido intencionalmente “protegido” por seus pais do mundo “lá fora”.

De volta em casa, ele pergunta à sua mãe: “Querida Mamãe, porque as pessoas são agressivas e violentas umas com as outras e com o meio em que vivem? Por que sentem tanto medo e tristeza? Por que cada dia adoecem mais e desistem de viver?”
A mãe bastante confusa e sem saber direito o que fazer, respira fundo e decide-lhe contar a verdade, dando-se conta de que a melhor maneira de “proteger” o filho do “mundo lá fora”, como dizia, é orientando-o sobre a vida, sobre nossas ações e as consequências dessas, ensinando-lhe a refletir e questionar o que vê, mostrando-lhe os caminhos e as escolhas que pode fazer, ampliando sua visão e sua consciência para que compreenda o mundo de uma maneira diferente, enxergando e escutando além do que vê, e, acima de tudo, tratando-lhe com amor, confiança e respeito, para que assim ele possa tratar a si mesmo e ao mundo à sua volta, refletindo e fazendo suas escolhas com autonomia, consciência e responsabilidade, conforme seus valores, independentemente de onde esteja e do que veja.

Após essa reflexão profunda, que tomou no máximo um minuto do tempo... o menino já estava ansioso por uma resposta, então a mãe pegou o garoto, de apenas seis anos no colo, beijou-lhe a face com muito amor e um pouco de tristeza, como se estivesse se despedindo da inocência que ali habitava, colocou o garoto de volta no chão e começou a falar: “Amado filho, venha comigo... vamos caminhar por entre as montanhas e eu lhe explicarei tudo.” E assim, tomou o garoto pelas mãos e começaram a caminhar.

“Você sente a terra em que pisamos agora?” “Sim!” responde o menino. “A terra é um dos elementos que compõe nosso planeta, ela fornece a estrutura e o alimento para a vida, nela as sementes germinam, e dela tiramos nosso alimento e a matéria para construir nossa moradia e nos abrigar no planeta. Dela são compostos os continentes onde habitamos, o reino mineral, entre outras coisas.” Disse a mãe.

Nesse momento, eles chegam a beira de um lindo rio, com uma pequena cachoeira, onde costumam banhar-se no verão. Sentando-se à beira do rio com o garoto, colocando os pés nus na água: “Sente o movimento da água fluindo entre nossos pés?”perguntou ela, respondendo o garoto com um gesto afirmativo. Continua a mãe “pois a água é outro dos elementos que compõe nosso planeta, ela é fluida e não tem forma. Ela fornece o alimento para a vida no planeta, que aliás é formado em 90% por esse elemento. Ela está sempre em movimento, contornando a tudo o que passa e se adaptando em qualquer lugar e a qualquer forma. Nela a vida começou e dela se alimenta a terra, tornando-se fértil e gerando alimento para a vida, o reino vegetal.”

Eles param para um pequeno piquenique à beira do lago, antes de continuar sua caminhada, e surge um lindo sol, antes escondido por trás das nuvens... o menino abre um sorriso lindo e diz: “Mamãe, o sol... podemos nadar?” A mãe responde: “Podemos sim, mas antes, terminaremos nossa caminhada, ok?” O garoto concorda com a cabeça, curioso para o resto da história e para entender aquelas perguntas que o inquietavam.
Nesse momento, a mãe pergunta-lhe: “O que você sente quando sai o sol, meu filho?” E ele de pronto responde: “Calor!” “Pois é, o sol, é um dos maiores representantes do outro elemento que compõe nosso planeta; o Fogo!” responde a mãe. “O Fogo, mamãe???” pergunta o menino sem entender. “Mas ele não destrói as coisas?”questiona ele.

“Meu filho, tudo tem os dois lados, ao mesmo tempo que ele pode destruir algo, ele possibilita, junto com os outros elementos, a vida na terra. Ele nos aquece, pois, sem o seu calor, a vida não seria possível, do jeito como é, pois viveríamos em um planeta congelado. Ele fornece a energia para a vida e a produção do oxigênio necessário para a nossa sobrevivência, possibilitando assim, o avanço da vida e a evolução para o reino animal. Ele representa o instinto, os desejos, àquilo que aquece e dá vida às nossas almas e claro, quando não controlado, pode ser bastante destrutivo.”

“Continuamos nossa caminhada mais um pouco?” pergunta a mãe. “Claro!” responde o garoto, feliz. Assim, seguem eles caminhando por entre as montanhas, até chegar ao topo de uma delas. Lá em cima, ventava bastante, se podia ver toda a beleza e harmonia do vale em que viviam. “Aqui terminaremos a primeira parte de nossa conversa hoje.” informa a mãe. Sentados no cume da montanha, a mãe pede para que o garoto feche os olhos e diga o que sente. Ele o faz e responde: “Sinto-me bem, parece que vou voar... me sinto leve, solto... como se tudo me escapasse e só sobrasse esse momento.”

“O Ar é um outro elemento do qual é composto o planeta em que vivemos... ele é composto dos gases que possibilitam a vida e protegem o planeta. É através dele que todos os seres introjetam a energia do cosmos e a transformam em energia para a vida. Quando nascemos, nossa primeira respiração é o momento em que somos considerados vivos, o sopro da vida. Ele é leve e invisível, mas está por toda parte, carregando as sementes da vida. É através dele que expressamos nossos pensamentos e nos comunicamos. Ele representa o reino humano, com seus pensamentos e com a linguagem, que nos diferencia dos animais.

Continua a mãe: “Já o quinto e último elemento, também não podemos ver e tão pouco sentir, como sentimos os outros. Ele está em toda a parte e preenche todos os espaços vazios... através dele, é possível a troca de energias que possibilitam com que nos liguemos às pessoas, assistamos TV, ouçamos rádio, etc. Ele carrega o som, a luz, a energia... ele envolve e dá forma aos corpos e à matéria. É uma energia sutil, que está presente em tudo e que possibilita a conexão dos nossos corpos com nossa alma. Esse elemento representa os seres que não podemos ver, mas que estão próximos a nós e que dão forma à matéria. Os anjos e os elementais, por exemplo.

“Assim completamos os cinco elementos que formam nosso planeta,” finaliza a mãe. “Mas, mamãe, não são esses elementos que formam nosso corpo também?”pergunta o menino intrigado. “Sim querido! Assim fechamos nossa conversa com o que eu ia lhe dizer...” continua ela acrescentando: “Vamos comigo até o outro lado das montanhas...” Ao que interrompe o menino: “Mas mamãe, você me disse que lá era um lugar onde não se deveria ir. Um lugar proibido!” “Eu disse sim, meu filho, porque ainda não era hora de conhecer esse lugar, mas agora, você já está pronto.” responde a mãe, conduzindo o garoto para o outro lado, dizendo-lhe:

“Somos feitos do que o mundo é feito. Tudo o que está fora de nós, também está dentro, mas a maior parte das pessoas não consegue ver isso, porque não se fala sobre isso nas escolas e muitas pessoas só acreditam naquilo que a razão pode alcançar. Porém, a razão é um pedacinho muito pequeno de nós e é limitada pelos nossos sentidos, por isso, nossa consciência, só pela razão é muito restrita, e, com isso, as pessoas que só se valem dela acabam por destruir e explorar o que está fora delas, ou seja, a natureza, para usufruir em benefício próprio, achando que isso não fará nenhum mal a elas. Sem a consciência de que destruindo o que está “fora”, destroem o que está dentro também, a si mesmos e às futuras gerações que aqui habitarão.

Meu querido filho, não existe dentro e fora, é tudo uma coisa só... todas as pessoas, os bichinhos, as plantas, o minerais, formados pelos cinco elementos, estão todos interligados, formando uma rede, como se fosse uma teia de aranha, onde todos os fios nos conectam a tudo o que existe. Então, tudo o que acontece em qualquer parte da rede, impacta em todas as outras partes. Pode ser, que não consigamos perceber isso imediatamente, pois as vezes acontecem coisas em partes da teia que estão distantes de nós, mas com o tempo esses acontecimentos vão se propagando pela rede e os pequenos efeitos que sentíamos passam a ser muito maiores, capazes até de extinguir a vida.” Conclui a mãe.

Nesse momento, quase chegando ao outro lado, o menino pára e pergunta: “Mas mãe, como é que as coisas que estão fora, estão dentro? Temos passarinhos dentro de nós???”

A mãe que tinha um semblante triste, nesse momento abre um sorriso e continua a explicar: “Lembra-se dos elementos que te disse que formam nosso planeta?” “Lembro sim.”, responde o menino. “Terra, água, fogo, ar e éter.” A mãe, carinhosamente, pára na frente do menino, pega suas mãos e explica-lhe: “Cada um dos reinos que existe hoje em nosso planeta, foi se desenvolvendo até que fosse possível a vida humana. Então, cada um deles, está dentro de nós também, assim como estaremos contido no próximo reino, que se formará a partir da evolução do nosso. Por exemplo, o reino mineral, ligado ao elemento terra, é responsável pelo desenvolvimento e manutenção da nossa física, e também está ligado aos sentidos (como percebemos o mundo, e as nossas realizações (aquilo que concretizamos). Já o reino vegetal, que incorpora o mineral, é regido pelo elemento água e produz os nutrientes e o oxigênio que precisamos para formar nossas células e gerar a vida. Ele representa a vitalidade, levando o alimento para todo nosso corpo, recolhendo impurezas para serem eliminadas, através da corrente sangüínea e do sistema linfático. Nosso corpo, assim como o planeta, também é formado por 90% de água. Esse reino e elemento regem nossas emoções e nossos sentimentos.
Surge então o reino animal, que tem os outros dois dentro de si, e é regido pelo elemento fogo, ou seja, a energia vital que existe dentro de nós, que aquece nosso corpo. Ele rege os nossos desejos, instintos e a intuição e criatividade humanas. Contribui na formação do organismo, mas principalmente representa nosso lado instintivo.

Logo, podemos perceber que dentro de nós estão todos os reinos anteriores. Somos regidos pelo elemento ar, que representa o pensamento e a comunicação, porém todos somos formados por todos os cinco elementos da natureza, incluindo o éter, que regerá o próximo reino, que surgir a partir da nossa evolução. Esse elemento representa nossa consciência e é aquele que dá forma a toda a matéria; é do que nossa alma e nossa consciência são formadas.” finaliza a mãe.

O garoto faz um gesto de que compreendeu o que ela quisera dizer, e ambos seguiram rumo ao outro lado da montanha, onde avistaram uma cidade grande, com uma grande área desmatada, um rio que cheirava mal, bastante poluído pela indústria instalada ali que explorava minérios ao pé da montanha, e uma grande fazenda de abate de gado, que alimentava a cidade.

Quando o menino viu a cena, surpreso, sua primeira reação foi chorar, e sem entender direito, pergunta a mãe com uma certa indignação: “Mas porque fazem isso? Porque destroem seu próprio hábitat?”

A mãe responde: “Meu filho, lembra quando te falei sobre a consciência dos seres humanos?” O menino faz um sinal de que se lembra e as lágrimas continuam a escorrer por seus olhos. “Pois então,” continua a mãe, “eles enxergam somente aquilo que sua consciência alcança ver e sentir no momento atual, não conseguem perceber que existe uma lei que rege e mantém a harmonia do planeta, e que tudo o que fazemos gera conseqüências em toda a teia, como te explicava.” “Eles só são capazes de enxergar as suas necessidades imediatas e se ocupar com seu conforto e com seus desejos atuais.” “Assim, não se dão conta de que, quando desmatam as florestas, estão esgotando sua própria fonte de vida, além de estarem desequilibrando esse reino dentro de si mesmos, porque quando matamos os outros reinos, que nos compõem, o desequilibramos dentro de nós mesmos, pois vivemos em uma teia, e nossas atitudes, sentimentos, instintos e pensamentos influem diretamente em toda a teia. Como podemos claramente perceber, os sentimentos, emoções, pensamentos e ações dos seres humanos estão desequilibrados, assim como esses reinos o estão no planeta.” “Assim, toda a teia está desequilibrada.” “Ainda estão cegos para o que está “fora deles”, porque mal conseguem enxergar o que está “dentro”. Assim, muito menos podem perceber que tudo o que existe é uma coisa só.”
Continua a mãe: “Então, meu querido menino, as pessoas são agressivas e violentas umas com as outras e com o meio em que vivem, sentem medo e tristeza e adoecem, pois todo nosso planeta, assim como os seres humanos, estão em desarmonia, e cada vez mais perceberão mais intensamente as conseqüências, geradas por essa, dentro de si.”

Agora, com a consciência que tem, meu filho, segue seu caminho mais responsável por suas ações e conseqüências, e a medida que puder, segue sendo um agente transformador do meio em que vive, para que você mesmo e as futuras gerações possam viver melhor em um mundo mais harmônico.

Fica para nós a reflexão sobre os desafios do presente que construirão o nosso futuro.

Namastê,

Narjara Thamiz

domingo, 17 de maio de 2009

Reflexões sobre o tempo e o espaço...

“Após 4 anos de prática, o mestre pediu ao discípulo, como última prova, que atirasse num alvo formado por um monte de feixes de palha, colocado a sessenta metros de distância.

Desnorteado, o aprendiz perguntou-lhe: "Como devo segurar o arco para atingir tal distância?”

"Atire como de costume sem se preocupar com o alvo e com a mente livre de pensamentos" diz o mestre. Mesmo assim, o aprendiz não conseguia atirar sem ver o alvo e angustiado, reafirmava que precisava vê-lo para atirar.

O mestre reforça: "Procure apenas esticar o arco, até que a flecha parta. É preciso deixar que a coisa se faça." E pegando seu arco, o esticou até o limite e lançou a flecha que atingiu o alvo bem ao centro. Nesse momento explica, o mestre: "Feche lentamente os olhos até que o alvo fique um pouco esmaecido e pareça aproximar-se de você, até que ambos sejam um, pois quando o alvo e o atirador se tornam um, a flecha que parte do centro, chega no centro. Por isso, não se deve mirar o alvo, mas sim a si mesmo."

Profundamente desesperado, confessou ao mestre que se sentia incapaz de compreender e de aprender a atirar sem mirar. Com isso, o mestre, levou o discípulo a sua casa e atirando flechas no escuro com uma pontaria impecável, conseguiu que seu aprendiz acreditasse que era possível, e tentasse fazê-lo sem se preocupar com o olhar do mestre e sem pensar em nada.

"A mirada que leva da existência ao nada, sempre retorna à existência, não porque o atirador queira voltar, mas porque ele é levado a isso. A descrição das experiências vividas pelo atirador não pode ser explicada por nenhum raciocínio." diz o aprendiz.

Conclui o mestre: "Atingir cem vezes seguidas um alvo pode não passar de tiros medíocres, porém conseguir atirar uma única vez, que seja, sem nenhuma intenção de êxito e com pureza de coração é a verdadeira sabedoria."

Lendo esse pequeno trecho relatando a experiência de um aprendiz ocidental, com um mestre oriental, parei para refletir sobre a dificuldade que o aprendiz em estar presente e desapegar-se de seus objetivos e pré-ocupações com relação ao alvo. E sobre o ensinamento do mestre sobre a experiência se fazer, quando um está presente e se torna um com meio.

Como o aprendiz, quantos de nós conseguimos realmente estar presentes, no momento que estamos vivendo?

O que percebo é que, principalmente aqui no ocidente, vivemos quase que o tempo todo em algum outro lugar e num outro tempo, que não os que estamos no presente momento. Esse é um fenómeno tão recorrente, que já nem nos damos conta dele e muito menos paramos para refletir.

Vivemos pré-ocupados ou ansiosos pelo que está ainda por vir, criando expectativas e planejando o futuro, ou então repensando, lamentando e/ou revivendo sentimentos e experiências passadas, mas raramente estamos conscientes e inteiros no momento presente.

É curioso que isso aconteça, pois a vida acontece no momento presente, em tempo 0, e se pensamos bem, é como se passássemos praticamente a vida toda não “vivendo” a vida de fato, porque estamos vivendo o que já passou ou o que ainda não aconteceu.

Estamos sempre enraizados em nossas mentes e não no momento presente, porém, uma parte de nossa mente é memória e a outra é imaginação, o que resta???

Tanto o tempo, quanto o espaço são invenções humanas para organizar nossa forma de viver, mas eles são ilusórios e relativos, como já diziam os físicos quânticos. São instrumentos cognitivos da nossa consciência, inclusive, nem o nosso funcionamento como seres humanos e o de nenhum outro ser existente, segue a estrutura linear do tempo e do espaço, somos o resultado da conexão das nossas experiências e sentires, que nos permitem uma maneira única, atemporal e não linear, de perceber e agir no momento presente.

O futuro e o passado são formas de estar no presente e quando vivemos nesses espaços, não logramos estar inteiros no momento presente, e assim não vivemos integralmente... e a vida vai se esvaindo entre nossos dedos, nos trazendo uma noção de tempo muito real, pois só nos damos conta do tempo, quando ele já passou, porque aí o utilizamos para explicar nossas experiências, localizando-as no tempo e no espaço.

O estar inteiro no momento presente cria um laço que nos une ao momento que vivemos, nos tornando um com esse momento, permitindo que extraiamos tudo aquilo que essa experiência nos traz. Já o apego as nossas certezas é uma trampa que limita nossa visão e a nossa experiência, admitindo que as coisas pré-existem à nossa experiência, como se existem independente de nós e da nossa experiência. Porém, cientificamente já sabemos que tudo surge a partir do nosso olhar e da nossa interação com o mundo no momento em que estamos observando e/ou interagindo. Então quando o mestre diz para o aprendiz tornar-se um com o alvo, sem querer controlar o alvo ou mirá-lo, o que queria dizer é o que o alvo não estava fora, e sim dentro do aprendiz, e quando esse se conecta com esse alvo interno, poderá distinguir o alvo fora que surge com a introdução da flecha, pois não existe dentro e fora, o que está dentro se reflete fora, é tudo uma única coisa.

Estar conscientes, inteiros e presentes no momento presente, no centro de nós mesmos, desapegados de nossas certezas e deixando que a vida surja na deriva do viver, nos permite realmente viver, aprender, escolher e encontrar a verdadeira felicidade, que está dentro de nós, assim como todo o resto.

"O tempo e o espaço são modos pelos quais pensamos e não condições nas quais vivemos." [Albert Einstein]

Fica a reflexão: Onde estás, enquanto tua vida acontece? A que certezas estás apegado?

Namastê!

domingo, 10 de maio de 2009

Reflexões sobre a saúde!

Perguntando-me porque adoecemos, entrei em um processo de pesquisa e reflexão que já duram alguns anos e mesmo entrando em contato com muitas teorias e práticas, a conclusão que cheguei foi simples e única. Compartilharei com vocês meus pensamentos e espero suas percepções e comentários.

Começando pela etimologia da palavra doença (do latim dolentia, padecimento), doença é o estado resultante da perda da homeostasia/equilíbrio de um organismo vivo, total ou parcial, que pode ter diversas origens psico(emocional)-física-espiritual.

Na Antiguidade adoecer era considerado uma manifestação de forças sobrenaturais, mas a medida que o pensamento foi evoluindo, a saúde e o corpo passaram a ser compreendidos de forma mais integrada, como o equilíbrio do Homem com o Universo (Aleméon, de Cretone, filósofo pré-socrático) e como conceito de que o corpo é formado pelo equilíbrio de 4 elementos, dirigidos por forças que estão em permanente “luta” o amor (fonte de integração) e o ódio (fonte de desintegração). (Empédocles, de Agrigento, filósofo pré-socrático). Como também disse Freud, pulsão de vida e pulsão de morte.

Com o tempo foi se consolidando a ideia de que o homem além de seu substrato material, também era constituido de uma essência imaterial, a alma (relacionada aos sentimentos e pensamentos) e que ambas se influenciavam mutuamente.

As ciências médicas foram avançando no estudo do corpo físico, mas já no século passado, a Franz Alexander e seus colaboradores introduzem o estudo da psicossomática, ou seja, das relações entre os corpos material e imaterial do ser humano, fazendo ensaios e pesquisas sobre as relações entre as emoções e sua atuação no corpo físico, e como dessa relação surgem muitas vezes sintomas e doenças.

Hoje, já não há dúvidas sobre os impactos das nossas emoções, atitudes e pensamentos sobre o nosso corpo físico. Podemos afirmar que nosso corpo não é uma estrutura estática, e sim um processo dinâmico, em movimento e interações constantes entre todas as dimensões que nos constituem, emocional, espiritual e física. Estamos constantemente, a cada segundo, nos constituímos e reconstituindo, através da renovação de nossas células, no corpo físico, nossas emoções e pensamentos, no campo emocional e das nossas escolhas e ações no campo espiritual.

Ou seja, quando observamos o ser humano, vemos um organismo em constante movimento constitutivo e integrado, entre o próprio organismo, o ecossistema ao qual pertence e o universo, num processo que se assemelha a uma dança, onde organismo e meio estão em constante transformação para manterem-se “acoplados”, processo esse que podemos chamar de “A teia da vida”, onde cada elemento nutre outros elementos e se mantém interligados mantendo o sistema vivo.

Todo esse processo acontece em tempo 0, ou seja, no presente que estamos vivendo, e isso nos possibilita a escolha de como queremos viver e nos constituir a cada momento que estamos vivendo esse processo, tendo a possibilidade de transformar nosso viver e nosso organismo a cada instante.

Retomando o que alguns filósofos, Freud e outros falaram sobre as forças que nos constituem, pólo positivo e pólo negativo, amor e ódio, Yin e Yang, vida e morte... As chamaremos aqui, como chama H. Maturana, emoções que se constituem com base no “amor”, no sentido de VER e respeitar a si mesmo e ao outro; e emoções que se constituem com base no “desamor”, ou seja, na negação e no desrespeito a si mesmo e ao outro.

Considerando essas emoções, podemos afirmar que a aprendizagem, a saúde e o desenvolvimento dos seres humanos, acontecem nas emoções/relações de amor, no respeito e na confiança. Já as relações com ausência disso, podem gerar defesa, violência, doença e inclusive bloquear o desenvolvimento psíquico-físico-espiritual de um ser humano. Porém isso só acontece quando fazemos dessas experiências e emoções nossas emoções de base, conservando-as no presente, no desamor consigo mesmo e com outros.

Muitas vezes trazemos para o nosso presente emoções de experiências de desamor que vivemos passado, e nos seguramos nelas, como se fizessem parte de nós e as revivemos no presente ou a deixamos guardadas no fundo dos nossos corações, latentes, emoções de dor, mágoa, ódio, rancor.

Quando nos apegamos a essas emoções e as “carregamos” conosco, passamos a viver ciclos em que essas emoções se repetem no presente. Isso nada mais é que uma oportunidade que o nosso organismo ou a vida nos dá para enxergar e lidar com esses apegos, de forma a fechar os ciclos e abrir para novas emoções... como esvaziar nossos corações para que possamos receber e perceber o novo.

Essas emoções conservadas, vão intoxicando nossos organismos, relações, pensamentos e emoções, muitas vezes distorcendo nossa percepção atual em função desses modelos e padrões que “carregamos” do passado.

As emoções são mandatórias em nosso organismo. Elas são as primeiras a se manifestar diante de qualquer situação, e portanto, influenciam diretamente nossas decisões, pensamentos e ações. Podendo gerar desequilíbrios em nosso organismo originando sintomas e até doenças. Assim como a nossa desconexão com a nossa verdadeira essência e com o todo em que estamos inseridos, o desalinhamento dos nossos corpos físico-emocional-espiritual, também podem gerar doenças.

Ou seja, as doenças quando se manifestam no corpo físico, normalmente já estavam manifestadas em nossos corpos emocionais e espirituais, provocando as vulnerabilidades no corpo físico, que pode como consequência, manifestar a doença.

A doença muitas vezes tem a função de um canal de comunicação entre o nosso inconsciente e a nossa consciência, de modo a trazer a “luz da consciência” conteúdos inconscientes para o nosso desenvolvimento. Ela é uma reação do corpo às circunstâncias, emoções, escolhas e atitudes que estamos tomando. Ou seja, a doença surge no espaço da relação de nós conosco mesmo, com o meio em que vivemos e com as pessoas que convivemos, nos permitindo rever àquilo que queremos conservar para fechar os ciclos que mantivemos abertos.

Nesse sentido, a doença pode ser considerada um processo amoroso do corpo para com o ser que o habita, já que se apresenta como uma tentativa de contribuir para o nosso processo de evolução. Com isso, um olhar amoroso para a doença e para nós mesmos, buscando seu sentido e significado, possibilita um processo de cura e crescimento, que é a mudança de padrões/atitudes/emoções que geraram esse distúrbio.

Porém, quando cuidamos somente dos sintomas e não nos Enxergamos no processo e nem enxergamos à doença, não só não há o processo de cura verdadeira, como também outros sintomas surgiram da mesma causa, até que essa se dissolva pela nossa consciência.

Pesquisas recentes descobriram que os genes, ao contrário do que se pensava, podem ser mudados. Antigamente, os cientistas achavam que a nossa genética era imutável, porém hoje já se sabe que em cada um dos nossos genes, existe como um interruptor que ativa (faz ele trabalhar) e desativa (interrompe seu trabalho). E no funcionamento desse mecanismo, existe uma forte correlação com os nossos padrões de pensamentos e emoções.

Atualmente, o genoma humano está totalmente decodificado, porém descobriu-se que de todo o nosso DNA, utilizamos apenas 2% dos genes e ainda não sabemos o que fazem o restante dos 98%. E cientistas já estudam a possibilidade de ativar os bons genes e desativar os genes “ruins”, o que aumentaria muito a expectativa e a qualidade de vida dos seres humanos.

Kazuo Murakami, pesquisador e Professor emérito da Universidade de Tsukuba, vem pesquisando esse tema e fez um experimento com pacientes diabéticos, que comprovou que o riso reduz o aumento da taxa de glicose nesses pacientes.

Além desse experimento, outras perguntas intrigam a ciência, como por exemplo a questão de que independente de uma pessoa ter um gene de determinada doença, isso não significa que ela a desenvolverá; ou muitas vezes pessoas expostas ao mesmo vírus, não necessariamente contraem a doença ou manifestam os mesmos sintomas. Ou seja, cada organismo reage diferente ao ambiente e apesar da ciência ainda não ter conseguido inteiramente explicar esses fenômenos, sabemos que isso está relacionado a como conduzimos nossas vidas, com as escolhas que fazemos e as emoções que vivemos e conservamos.

E a partir de todo esse recorrido, a conclusão simples e única que falava no início é que o processo de adoecimento do ser humano é um processo que surge como resultado do desamor que vivemos conosco mesmos e com o mundo que nos cerca. Esse desamor gera emoções e desequilíbrios que vulnerabilizam nosso corpo físico, que fica assim mais suscetível à doenças, ou produz doenças a partir das toxinas que geram as emoções que guardamos dentro de nós.

O amor e a reconexão com nosso sentido interno são recursos muito significativos tanto para compreender o processo de adoecimento, quanto para a verdadeira cura, que é responsabilidade de cada um de nós, pois é um processo nosso, único e intransferível.


“O melhor remédio para o homem, é o homem. O mais alto grau da cura é o amor.” Paracelso

Saúde e Boa Reflexão!

Narjara

Esse texto foi desenvolvido com base nos pensamentos de Humberto Maturana, Rudiger Dahlke, Kazuo Murakami, Viktor Frankl, Deepak Chopra e nos meus pensamentos e reflexões.

domingo, 3 de maio de 2009

Eros e Psique! Fernando Pessoa

"Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia"

Ao ler esse lindo poema de Fernando Pessoa sobre o mito de Eros (o Deus do Amor) e Psique (Alma), me inspira a beleza do encontro que desperta a alma para a vida, para o seu verdadeiro caminho - o encontro entre a alma e o amor. Esse é um reencontro com o nosso EU, com a nossa verdadeira e mais profunda essência.

Um encontro que as vezes tarda, outras passa por caminhos tortuosos, mas que quando ele acontece, é mágico e abre os olhos e o coração da alma e aí, não tem mais volta... expande nossa capacidade de amar, a nós mesmos e a tudo e todos que estão a nossa volta. Nos devolve a possibilidade de nos enxergar verdadeiramente, e a liberdade de ser quem realmente somos. Nos tornamos um e percebemos tudo aquilo que realmente importa, nos transformamos e nos curamos de todos os males que nos aflinge a alma e o corpo.

Esse amor está dentro de cada um de nós, mas as vezes bloqueamos o caminho que nos leva a ele e nos sentimos distantes, mas quando realmente esvaziamos nossos corações e cabeças ele surge, nos acolhendo em seus braços, como se sempre estivesse lá, esperando por essa oportunidade.

Com muito amor, desejo-lhes o mais belo encontro entre Eros e Psique!

Namastê!

Narjara

sábado, 2 de maio de 2009

Reflexões sobre o Amor...


O amor verdadeiro e incondicional, aquele de alma e coração, nasce primeiro no amor à nós mesmos... à nossa humanidade e à nova divindade, à nossa luz e à nossa sombra... e ele surge de tal forma que se expande para um amor à todos os seres e à tudo o que existe nesse plano e em outros planos.

É algo maior que nós mesmos, maior que a nossa humanidade... é divino, mas pode ser vivido no humano. Ele expande nossa consciência e nos conecta com o todo e com nós mesmos. Nele nos tornamos um com o todo e com tudo o que há ao nosso redor, nesse estado não existe lá e cá, simplemente existimos.

A partir dele vemos e ouvimos, não só com os olhos e ouvidos, nos transformamos e a partir da nossa transformação, transformamos o que está a nossa volta.

Coríntios 13:4-7 “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

Com muito amor,

Narjara

O que carregamos em nossos corações?


Conta uma lenda popular do Oriente que um jovem chegou a beira de um oásis junto a um povoado e aproximou-se de um senhor e perguntou-lhe: "Que tipo de pessoa vive neste lugar?"

"Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem?", perguntou por sua vez o ancião. "Oh, um grupo de egoístas e malvados.", replicou o rapaz. "Estou satisfeito de haver saído de lá."

A isso, replicou o senhor: "A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui."

No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o ancião, perguntou-lhe: "Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem?" O rapaz respondeu: "um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las." "O mesmo encontrará por aqui.", respondeu o ancião.

Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho: "Como é possível dar respostas tão diferentes a mesma pergunta?

Ao que o velho respondeu: "Aquele que nada encontrou de bom nos lugares onde passou, não encontrará outra coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui. Cada um carrega no seu coração o meio em que vive."

Ler esse texto, me fez refletir sobre o que carregamos verdadeiramente em nossos corações... Pensando que nossos corações são as portas da nossa alma e é através dele que percebemos e interagimos com o mundo, daquilo que ele estiver preenchido, será a lente através da qual constituiremos a realidade em que vivemos. E ainda pergunto, será que nos damos conta daquilo que carregamos em nossos corações? Será que olhamos para ele para perceber o que nele está presente?

Durante nossas vidas, passamos por momentos bons, não tão bons, por amor, pela dor, aprendemos, choramos, sorrimos, sonhamos, construimos, destruimos... amamos, odiamos, adoecemos, nos cuidamos... enfim, passamos por toda riqueza da experiência que ser humano nos proporciona. O que fica desses momentos em nossos corações será o que carregaremos conosco, aquilo que queremos conservar e que ficará guardado em nossas almas e em nossos corações, e isso se manifestará em nossos corpos e nas realidades e interações que construimos.

A pergunta que fica então, é o que estamos conservando das experiências que vivemos??? Com que pensamentos e emoções queremos preencher esse espaço do nosso coração e da nossa alma??? E a partir dessa reflexão e de escolhas conscientes daquilo que queremos conservar, tudo a nossa volta muda em torno daquilo que conservamos.

Como disse Siddharta Gautama: "Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo." E Jesus: "[...] Pois a boca fala do que está cheio o coração." Mateus 12

Nascemos seres amorosos, na confiança do universo e do meio que nos cuidará e com esse meio, dançamos e nos moldamos, nas coerências desse baile. E muitas vezes tantas coisas vão acontecendo em nossas vidas, que vamos guardando esse ser que somos tão la no fundo de nós mesmos, que até esquecemos que ele existe e que ele é quem realmente somos em nossa essência. Vamos colocando várias máscaras, padrões, pré-conceitos... e várias outras camadas para nos proteger... De tanta proteção, acabamos por abafar nossa essência... e aí sim, sentimos muito mais dor... ficamos doentes, infelizes e tristes muitas vezes... mas quando nos redescobrimos e nos alimentamos, voltamos a harmonia e a amorosidade da qual somos feitos, recuperando o amor e o respeito por nós mesmos e aí sim, poderemos amar e enxergar de fato a um outro ser.

O que carregais em vossos corações???? O que quereis conservar em vossas vidas???

Namastê!

Narjara