O poder do amor

Uma garotinha vagava pelas ruas de uma grande cidade, caminhando sem rumo, como um barco à deriva num mar incerto. Sem um passado que lhe servisse de ancoradouro, nem um futuro que lhe acenasse com esperança, ela caminhava, envolta em um manto de solidão e desamparo, ansiando por um simples olhar que lhe confirmasse sua existência, que lhe revelasse sua essência.

*Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Contudo, era como se ela fosse uma sombra, uma nota dissonante na sinfonia apressada da metrópole, invisível para as pessoas que passavam, imersas em seus próprios mundos, caminhado para o futuro ou visitando o passado, sem pés no presente. Alheios à angústia silenciosa que ecoava nos suspiros daquela garotinha solitária. Em meio à multidão, ela se encontrava só, isolada em sua própria névoa de invisibilidade.


Para proteger-se das gélidas correntes deste mundo indiferente, encarcerou-se num casulo, sufocando qualquer vestígio do seu anseio por ser vista e amada, e com isso, seu amor-próprio. Resignando-se à crença de que era invisível, por não ter valor. 


Até que um dia, uma alma de passagem a contemplou com tamanha profundidade, que ecoou em seu âmago adormecido, despertando-a. Sua presença era como uma brisa suave que acariciava a alma, instigando-a a reencontrar-se consigo mesma, já há muito deixada. E no encontro desses olhares, algo mágico brotou. Como a flor que rompe a terra árida ao toque delicado de uma gota de chuva.



Através daquela mirada compassiva e amorosa, ela pôde enxergar sua própria beleza refletida, como se diante de um espelho límpido  que revela a verdade escondida sob camadas de desamor. Era um olhar que a convidava de volta à vida, à plenitude de sua existência, a visibilidade, reacendendo o amor-próprio e recordando-lhe de seu verdadeiro valor.

O amor verdadeiro, incondicional é capaz de mover montanhas, de resgatar almas e curar qualquer ferida ou doença. Esse amor começa em você, de você para você, expandindo para os que estão a sua volta e para todo o mundo.



Este amor, está dentro de cada um de nós, pulsando como uma chama eterna que aguarda apenas ser avivada. É através do olhar amoroso do outro que podemos relembrar nossa própria divindade, reconhecendo-nos como seres dignos de amor e pertencimento..

Nesta Páscoa, convido-te a olhar para dentro de si mesmo e reencontrar o amor, a compaixão e a presença, não só para se nutrir, mas também para compartilhar, especialmente para aqueles que mais precisam e que talvez tenham passado despercebidos. 



Inspire-se no amor e na generosidade de Cristo e olhe ao seu redor. Que possamos ser faróis de esperança, irradiando amor e luz para todos aqueles que precisem e anseiam por um simples olhar que lhes devolva a fé em si mesmos e na vida.


Namaste!


Narjara Thamiz


* Imagens produzidas por Freepik

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